ATA DA VIGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 15.04.1998.

 


Aos quinze dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Ruas e Renato Guimarães. Ainda, durante a presente Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clovis Ilgenfritz, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, José Valdir, Lauro Hagemann, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Vigésima Primeira Sessão Ordinária e da Quarta e da Quinta Sessões Solenes, que foram aprovadas, juntamente com as Atas da Décima Nona e da Vigésima Sessões Ordinárias. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Adeli Sell, o Projeto de Lei do Legislativo nº 48/98 (Processo nº 1208/98); pelo Vereador Antonio Hohlfeldt 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Clovis Ilgenfritz, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Hélio Corbellini, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Dib, o Pedido de Informações nº 48/98 (Processo nº 1188/98); pelo Vereador Juarez Pinheiro, a Emenda nº 01 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 02/98. Ainda, foram apregoados Requerimentos dos Vereadores Guilherme Barbosa e Jocelin Azambuja, deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando desarquivamento do Projeto de Emenda à Lei Orgânica  nº 05/95 (Processo nº 2583/95) e do Projeto de Lei do Legislativo nº 10/96 (Processo nº 480/96), respectivamente. Também, foram apregoados os seguintes Ofícios do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, de nºs: 149/98, encaminhando o Relatório de Atividades de 1997, Balanço das Autarquias DMLU, DMAE e DEMHAB, das Empresas EPATUR, PROCEMPA, CARRIS e da Fundação de Educação Social e Comunitária, bem como do Balanço Geral da Administração Direta; 153/98, solicitando autorização legislativa para ausentar-se do País no período de dezesseis a dezoito de abril do corrente; 151, 152 e 154/98, encaminhando, respectivamente, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 02/98 (Processo nº 1241/98), o Projeto de Lei do Executivo nº 11/98 (Processo nº 11/98) e a Mensagem Retificativa ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 01/98. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 142, 143, 144, 145 e 146/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 10/98, do Vereador Ivo José Loeblein, Presidente da Câmara Municipal  de  Cruzeiro  do  Sul/RS;  45/98, do  Senhor  Paulo Vidal, Deputado Estadual/RS; 48/98, do Senhor João Carlos Vasconcellos, Diretor-Presidente da Empresa Porto-Alegrense de Turismo S/A – EPATUR; 197/98, do Senhor Martim Saraiva Barboza, do Gabinete do Vice-Governador do Estado/RS; 1029, 1118, 1146, 1148 e 1151/98, do Senhor Gilberto Mussi, Chefe da Casa Civil Adjunto do Estado/RS. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Resolução nºs 19 e 17/98, este discutido pela Vereadora Anamaria Negroni, os Projetos de Lei do Legislativo nº 42 e 41/98, este discutido pela Vereadora Anamaria Negroni; em 2ª Sessão, os  Projetos de Lei do Legislativo nº 26, 28, 30, 32, 33, 37e 38/98, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 02/98, este discutido pelos Vereadores João Dib, Adeli Sell, Juarez Pinheiro, João Motta e Anamaria Negroni; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 03/98, os Projetos de Lei do Legislativo nº 31 e 39/98, o Projeto de Resolução nº 14/98. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Garcia manifestou as razões que levaram seu partido a não indicar candidato próprio às eleições deste ano ao Senado Federal, bem como do entendimento de sua Bancada no relativo à construção e fortalecimento de uma frente de partidos de esquerda para estas eleições. A Vereadora Anamaria Negroni referiu-se aos problemas de fluxo do trânsito nas imediações da Pontifícia Universidade Católica, atribuindo a responsabilidade de tais transtornos a uma falta de planejamento por parte da Secretaria Municipal dos Transportes quando da proibição do estacionamento às margens do Arroio Dilúvio. A Vereadora Maria do Rosário, reportando-se ao discurso do Vereador Carlos Garcia, teceu comentários acerca da disposição política do PSB no referente às próximas eleições, salientando o respeito que sua Bancada tem pelos demais Partidos desta Casa. A Vereadora Clênia Maranhão referiu-se ao discurso da Vereadora Maria do Rosário, contestando suas afirmações acerca de uma aliança entre partidos de esquerda e, criticando o Executivo Municipal, declarou observar-se falta de preocupação com uma política geradora de empregos na Cidade. Na ocasião, o Senhor Presidente deferiu Requerimento verbal da Vereadora Maria do Rosário, solicitando cópia do pronunciamento acima referido da Vereadora Clênia Maranhão, e Requerimento verbal da Vereadora Anamaria Negroni, solicitando cópia dos pronunciamentos acima referidos das Vereadora Clênia Maranhão e Maria do Rosário, após a anuência das Oradoras. A seguir, o Vereador Lauro Hagemann, através de Questão de Ordem, comunicou aos Senhores Vereadores o início, no dia de hoje, das renegociações entre o Grupo Terreira da Tribo e a Secretaria Municipal de Educação e Cultura, relativas ao terreno atualmente ocupado por esse grupo teatral. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib discorreu sobre a necessidade de cumprimento dos prazos de envio de relatórios de Execução Orçamentária pelo Executivo Municipal, propugnando por uma melhor fiscalização de tais prazos por este  Legislativo. O Vereador Nereu D’Ávila teceu considerações acerca de denúncias encaminhadas por moradores da Alameda Victor Kessler, no Bairro Passo D’Areia, envolvendo possíveis irregularidades na atuação da Companhia Estadual de Energia Elétrica e da Secretaria Municipal de Obras e Viação, no relativo à obra em andamento naquela Alameda, a qual prejudicou o passeio público ali existente. A Vereadora Sônia Santos manifestou sua preocupação com impasse criado entre fiscais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e agricultores do município de Bagé, acerca de vistorias a serem efetuadas naquele Município, propugnando por uma soma de esforços por parte de todos e maior mobilização na discussão da Reforma Agrária. Na oportunidade, o Senhor Presidente informou aos Senhores Vereadores que assumiria a Prefeitura Municipal de Porto Alegre no dia de amanhã e registrou a presença do ex-Vereador Ignácio Neiss. Também, registrou ter sido agraciado, juntamente com os Vereadores Elói Guimarães, Paulo Brum e Adeli Sell, com o Diploma de Colaborador Emérito do Exército. Ainda, salientou ter sido o Vereador João Dib agraciado com a "Medalha do Pacificador". A seguir, constatada a  existência  de  “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 18/97, que teve sua discussão adiada por uma Sessão, face a Requerimento, aprovado, do Vereador Carlos Garcia. A seguir, face à manifestação da Vereadora Maria do Rosário, sobre alteração na ordem de apreciação dos projetos constantes na Ordem do Dia, e Requerimento verbal do Vereador Reginaldo Pujol, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a suspensão dos trabalhos da presente Sessão, o Senhor Presidente declarou suspensos os trabalhos às quinze horas e trinta e sete minutos, sendo retomados às quinze horas e quarenta e seis minutos. Em continuidade, foi aprovado o Requerimento verbal de autoria do Vereador José Valdir, adendado pelos Vereadores Luiz Braz e Paulo Brum, solicitando alteração na ordem de votação dos projetos a serem apreciados. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre o andamento dos trabalhos, face a manifestações dos Vereadores Nereu D’Ávila e Fernando Záchia. Em Votação, foram aprovados o Projeto de Resolução nº 07/98 e a Emenda nº 01 a ele aposta, após serem encaminhados à votação pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Reginaldo Pujol, Isaac Ainhorn, João Dib, Lauro Hagemann e Cláudio Sebenelo. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 98/96, que teve sua discussão adiada por uma Sessão, face a Requerimento, aprovado, do Vereador Paulo Brum. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 05/98, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Maria do Rosário, Clênia Maranhão, Cláudio Sebenelo e Paulo Brum. Na oportunidade, a Vereadora Maria do Rosário manifestou-se acerca do encaminhamento à votação efetuado pela Vereadora Clênia Maranhão, relativo ao Projeto de Decreto Legislativo nº 05/98. Após, foi apregoado Requerimento da Vereadora Tereza Franco, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Leão de Medeiros, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 155/97, considerando-se prejudicado o Projeto original, por vinte votos SIM, após serem discutidos, Projeto original, Substitutivo e Emendas, pelos Vereadores Guilherme Barbosa, Cláudio Sebenelo, Luiz Braz, Carlos Garcia, Renato Guimarães, Gerson Almeida, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Clênia Maranhão, Elói Guimarães e Juarez Pinheiro, com encaminhamento à votação pelos Vereadores Leão de Medeiros, Maria do Rosário, Cláudio Sebenelo, Pedro Américo Leal, Hélio Corbellini e Elói Guimarães, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói  Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João  Carlos  Nedel,  João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães e Leão de Medeiros. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 155/97, seu Substitutivo e Emendas, os Vereadores João Carlos Nedel e Antônio Losada cederam seus tempos  de discussão ao Vereador Pedro Américo Leal e o Vereador Hélio Corbellini cedeu seu tempo de discussão ao Vereador Pedro Ruas. Também, foi aprovada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos regimentais, e o Senhor Presidente informou ter a Secretaria da Receita Federal fornecido equipamentos eletro-eletrônicos para uso dos setores desta Casa. Foi rejeitada a Emenda nº 01 aposta ao Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 155/97, por vinte votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Luiz Braz, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antônio Losada, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães, Sônia Santos e Leão de Medeiros. Na ocasião, face à manifestação da Vereadora Anamaria Negroni, o Senhor Presidente prestou informações acerca do processo de votação da Emenda nº 01 acima referida. Foi aprovada a Emenda nº 02, aposta ao Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 155/97. Na oportunidade, o Senhor Presidente deferiu Requerimento verbal do Vereador João Dib, adendado pela Vereadora Maria do Rosário, solicitando informações quanto ao tempo dispendido na apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 155/97, seu Substitutivo e Emendas. Ainda, face à Questão de Ordem suscitada pelo Vereador Juarez Pinheiro, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do processo de votação de Emendas a Projetos de Lei em tramitação na Casa. Em Discussão Geral e Votação foi votado o Projeto de Lei do Legislativo nº 79/97, que obteve seis votos SIM e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores José Valdir e João Dib, em votação nominal solicitada pelo Vereador Luiz Braz, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Clovis Ilgenfritz, Elói Guimarães, José Valdir, Juarez Pinheiro e Maria do Rosário e tendo optado pela Abstenção o Vereador João Dib, votação esta declarada nula pelo Senhor Presidente, face à inexistência de “quorum” deliberativo. Na ocasião, face às Questões de Ordem suscitadas pelo Vereador José Valdir, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre as disposições regimentais relativas ao processo e à ordem de votação de Projetos durante a Ordem do Dia e prestou informações sobre a nominata dos Senhores Vereadores que proferiram voto durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 79/97. Às dezenove horas e vinte e três minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz e Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Paulo Brum. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída e aprovada, será assinada por pelo Senhor Presidente e por mim.

 

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Passamos à

 

PAUTA

                                                                    

1ª SESSÃO

 

PROC. 1033/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 019/98, de autoria do Ver. José Valdir, que institui o “Prêmio Zilah Totta de Alfabetização”.

 

PROC. 0978/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 041/98, de autoria da Vera. Maria do Rosário, que autoriza o Executivo Municipal a colocar placa alusiva às “Madres de La Plaza de Mayo” na Praça Argentina.

 

PROC. 0994/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 042/98, de autoria do Ver. João Dib, que denomina Rua Moysés Golubcik um logradouro público localizado no Bairro Belém Novo.

 

PROC. 0989/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 017/98,  de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que oficializa, na Câmara Municipal de Porto Alegre, o Dia dos Pais, a ser comemorado no 2º domingo do mês de agosto de cada ano.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 0809/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 026/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que inclui o pão nos programas de suplementação alimentar e dá outras providências.

 

PROC. 0886/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 030/98, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de cintos de segurança, nos assentos reservados para gestantes, deficientes físicos e idosos, em ônibus do transporte coletivo de Porto Alegre.

 

PROC. 0895/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 032/98, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que disciplina a cobrança de taxas nas garagens e estacionamentos de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 0897/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 033/98, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila,  que dispõe sobre a condução de animais da espécie canina no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 0914/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 037/98, de autoria do Ver. Antônio Losada, que implanta no Município de Porto Alegre o Sistema de Transporte Coletivo Inter-Hospitalar.

 

PROC. 0916/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 038/98, de autoria do Ver. Antônio Losada,  que normatiza a publicação de anúncios em jornais e outros meios e dá outras providências.

 

PROC. 0922/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 002/98, de autoria do Ver. João Dib, que susta a aprovação de projetos, obras e instalações de grande porte, no Município de Porto Alegre, relativos a lojas, supermercados e centros comerciais, e dá outras providências.

 

PROC. 0854/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 028/98, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que permite a utilização de painel luminoso com finalidade publicitária nos táxis do Município de Porto Alegre.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0981/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 003/98, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, que dá nova redação ao art. 183 da Lei Complementar nº 284/92 (Código de Edificações de Porto Alegre).

 

PROC. 0889/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 031/98, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Jorge Gerdau Johannpeter.

 

PROC. 0917/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 039/98, de autoria do Ver. Antônio Losada, que normatiza a venda de carnes, frutas e outras mercadorias perecíveis embaladas.

 

PROC. 0881/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 014/98, de autoria do Ver. José Valdir, que concede o título honorífico de Líder Comunitário ao Senhor Fernando Camarano.

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.           

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não preciso dizer que gosto muito do Legislativo Municipal. Tenho por ele verdadeiros encantos, mas, às vezes, me surpreende o Legislativo quando se faz uma Sessão Especial para ouvir entidades, quando se ouve na Comissão de Finanças as mesmas entidades e, a partir da audiência dessas entidades, onde não se ouve dissonância no Plenário, um Projeto de Lei é apresentado, acompanhando o progresso do mundo.

Eu não tive oportunidade, já que não estive aqui na segunda-feira, de ler a “Folha de São Paulo”, mas sei que traz matéria a respeito de Porto Alegre e a sua preocupação com a limitação de áreas para a comercialização. Não é Porto Alegre que está inventando, é o mundo que está preocupado. São alguns grupos de supermercados dominando grande parte das áreas comerciais, das áreas dos supermercados, neste País e no mundo. Como lá nas suas terras de origem eles já foram limitados nas suas expansões, na França, em Portugal, nos Estados Unidos, então, um belo campo é o Brasil, onde uma grande parte da área de supermercados é ocupada por um pequeno grupo. E é preciso que se estabeleçam regras e, por isso, apresentamos um Projeto de Lei que parecia atender aos anseios de todos.

Fico contente, porque o Projeto de Lei deve receber Emendas. Eu ainda não li a Emenda do Ver. Juarez Pinheiro, ela ainda não foi distribuída, mas é claro que tenho convicção de que ele deseja aprimorar o Projeto de Lei que apresentei.

O que se pretende é o que já existe no Plano Diretor em relação a indústrias, e não vejo por que não possa existir em relação ao comércio. É claro que precisa ser aprimorado, mas é claro que, se os outros países estudarem - e a Argentina foi a mais recente, limitando em 2.500 metros quadrados as áreas de venda, de comercialização - não há por que não termos a mesma preocupação.

Ninguém está querendo que um supermercado ou uma loja tenha apenas 3.500 metros quadrados. Três mil e quinhentos metros quadrados de loja, de área de comercialização mais estacionamentos, mais área de administração, de gerenciamento; nada disso será computado.

Já que a Espanha não quer, se a França, dona do Carrefour, não deseja, se o All Mart, lá nos Estados Unidos, com 64 cidades, está limitado, por que somos aqui os que esperam as más soluções dos outros países? Para que tenhamos menos empregos para oferecer, para que amanhã tenhamos os preços dominados por um pequeno grupo?

É importante que se faça a análise do Projeto, e é por isso que pedi que se faça, com urgência, e vou verificar, porque tenho a preocupação, com tantas informações que são trazidas, se existem, além do Zaffari da Ipiranga, outros Projetos já aprovados na Prefeitura para que se façam também limitações.

Eu confesso que, diante da Sessão Especial que esta Câmara fez, onde não houve uma nenhuma voz dissonante, onde nenhuma voz destoou, todas as vozes se somaram, de repente fico preocupado. Gosto das coisas com extrema clareza. Tenho uma vida para não esconder nada e quero continuar assim.

Li muito a respeito, tenho acompanhado, tenho depoimentos de entidades ligadas aos supermercados as quais irei analisar na próxima oportunidade, que será na sexta-feira. Por enquanto, saúde e paz. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, como fez o Ver. João Dib, vou tratar do mesmo Projeto de Lei, ainda mais que na “Folha de São Paulo” de segunda-feira desta semana uma grande matéria trata do assunto. Eis a manchete: “Cresce concentração nos supermercados. Assédio a pequenas e médias redes deixa mercado agitado.” Uma matéria contundente trata desse assunto, e, inclusive, a Câmara Municipal de Porto Alegre é mencionada. No texto lê-se: “Em Porto Alegre os Vereadores já discutem limitações à atuação das grandes redes. Esta é uma preocupação internacional. Grandes redes européias estão migrando para o Brasil, porque a legislação dos seus países limita o crescimento dos supermercados.”

A matéria traz uma série de elementos que aqui nos foram trazidos por entidades vinculadas a esse setor, quando da Sessão Especial proposta pelo nobre Ver. João Motta. Posteriormente, esse debate também teve o seu lugar na Comissão de Economia, Finanças e Orçamento e de lá para cá vem sendo tratado com base num Projeto de Lei do Ver. João Dib, que acaba de falar.

Houve quem nos acusasse de estar tratando de um caso específico. Houve quem dissesse que estávamos tentando penalizar uma rede de supermercado internacional, o Carrefour. Infelizmente, já vi em algumas Câmaras haver legislação específica a uma entidade. Aqui não, trata-se de discutir pormenorizadamente, por um período de tempo, o novo Plano Diretor desta Cidade, para que possamos exaurir o debate sobre que tipo de desenvolvimento queremos na Capital dos gaúchos; que tipo de empreendimento é benéfico, traz emprego, gera renda, não prejudica o trânsito da Cidade. E qual empreendimento, pelo contrário, promete, como os hipermercados prometem, um hipermercado de ilusões. Prometeram para pessoas do Orçamento Participativo, na Zona Norte, que elas indicariam pessoas para trabalhar nesse supermercado. Ora, Senhores, nunca vi isso em lugar algum e não faz sentido; a empresa tem os seus critérios e vai colocar quem quiser para trabalhar.

Enquanto isso, como diz o jornal Folha de São Paulo, a mercearia da esquina em que o dono atende o freguês com a barriga colada no balcão é que está sofrendo. Pelo estudo da Federação, a chegada do Carrefour em Bauru e do “All Mart” no Vale da Paraíba no interior de São Paulo, forçou tradicionais comerciantes a mudar de ramo. O Sr. Scortegagna, Presidente da Fecongêneros disse mais do que isso: “alguns não conseguiram mudar de ramo, faliram; outros demitiram seus empregados e está trabalhando o dono, às vezes com alguém da sua família”. Portanto, não podemos criar ilusões de que esse grande empreendimento venha trazer empregos, pelo contrário: vem diminuir empregos porque ele acaba com a mercearia da esquina.

E pergunto: quem compra pão e leite mais barato num supermercado desse tamanho do que compra na mercearia da esquina? O preço, nesse caso, é sempre o mesmo. Criam-se, através de investimentos e parcerias com grandes empreendimentos, preços competitivos numa mercadoria e, às vezes, até abaixo do preço, mas pessoas são enganadas para comprar o produto logo ali, mais caro.

Portanto, esse é um grande debate e esta Câmara não vai deixar de fazer essa importante discussão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho a esta tribuna para discutir o Projeto proposto pelo Ver. João Dib, que visa a sustar, temporariamente, os EVUS, licenças para projetos de grandes supermercados e com a dimensão de área construída de três mil e quinhentos metros quadrados. 

Essa discussão não é nova, porque representando esta Câmara de Vereadores, estivemos junto com o Ver. José Valdir, em São Francisco, Estados Unidos, no mês de novembro do ano passado, para discutir matéria como essa.

Ao contrário do que sugere uma enganosa aparência de que os blocos econômicos significam a união de pequenos para enfrentar os mais fortes, trata-se, na verdade, de uma estratégia do capital financeiro internacional  para saquear os recursos públicos  dos países periféricos, retirar direitos dos trabalhadores, pilhar, enfim, todo o patrimônio dos países periféricos.

A  “Folha de São Paulo” - já referida aqui pelo Ver. Adeli Sell e pelo Ver. João Dib, que na Cidade de Gravatal não teve acesso a esse Jornal, mas que agora tem a oportunidade de lê-lo - trata da questão da concentração dos supermercados, principalmente nas grandes cidades deste País.

O Projeto proposto pelo Ver. João Dib, segundo a sua justificativa - e tenho certeza de que ela é a expressão da verdade, porque o Ver. João Dib é um Vereador extremamente sério, talvez um dos Vereadores mais importantes que esta Cidade terá ao longo de toda a sua história - parece-me um pouco enviesado, ou talvez um pouco deficiente, mas propicia o debate e aí está a sua importância.

Srs. Vereadores, por favor: não é o tamanho, a área física construída de uma empresa que vai determinar que pequenos e médios empreendedores acabem sucumbindo. Existe uma outra forma de medição, Ver. Pedro Ruas, porque esse assunto V. Exa. tem discutido no seu mandato, ou seja, a retirada dos direitos dos trabalhadores, o prejuízo dos consumidores. Existe uma outra questão muito mais importante, não interessa se tem  três mil e quinhentos metros, se tem quatro ou cinco. O que temos de verificar é se há concentração nas mãos de grupos financeiros; se tem um prédio muito grande ou não, esse é um valor muito limitado para se verificar a questão da concentração.

Por esse motivo, estamos apresentando uma Emenda ao Projeto que diz o seguinte: ”... Ficam também sustados até a publicação da Lei do Segundo PDDUA a aprovação de estudos de viabilidade urbanística e projetos, o licenciamento de obras e emissão de alvarás relativos à construção de lojas e supermercados independentemente da área construída  requeridos por grupos econômicos que já detenham mais de 35% do comércio de gêneros alimentícios em nossa Cidade”... Aí, sim, vamos verificar que  queremos evitar que haja falência dos pequenos e médios empreendedores, que os consumidores não sejam prejudicados, aliás, é denunciado pela Folha de São Paulo que demonstra em gráficos a concentração em apenas cinco redes em São Paulo fazendo com que nos últimos três meses, Ver. Cláudio Sebenelo, em um período com inflação baixa, os supermercados tenham aumentado na grande São Paulo 5% no valor final das mercadorias que são vendidas para os consumidores.

Nesse sentido, a nossa proposta visa determinar aqueles grupos econômicos que já detém uma grande faixa de mercado evitando a concentração, os oligopólios e inclusive Porto Alegre, a exemplo de outras capitais, quase que o monopólio.

A minha Emenda, Ver. João Dib, vem ao encontro do seu Projeto, da defesa dos pequenos, dos médios empreendedores e também na defesa dos consumidores. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Motta para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria de saudar a iniciativa legislativa do Ver. Juarez Pinheiro, aliás, companheiro de Bancada que, desde o primeiro momento em que se abriu essa discussão internamente, sempre manifestou posição a partir de um ponto de vista analítico que este Vereador vem sustentando nesse tipo de debate que nós temos feito internamente.

Penso que isso é uma demonstração de abertura para o debate e gostaria que esse gesto, essa iniciativa, de certa forma, também sensibilizasse o meu Governo Municipal para que ele viesse também para esse debate, para que assumisse uma posição clara perante a sua Bancada, perante a sociedade, perante a Câmara Municipal sobre qual é o diagnóstico que um governo de esquerda deve ter frente ao atual modelo de globalização da economia que está chegando a nossa Capital, à cidade de Porto Alegre, a exemplo de fenômenos econômicos que já aconteceram nas grande cidades brasileiras, como é o caso mais conhecido de nós, o caso de São Paulo e agora, nesse mesmo momento, a cidade de Curitiba. Aliás, sobre isso, eu gostaria de dar duas boas notícias a este Plenário: primeiro, a iniciativa da Associação dos Comerciantes da Azenha, através do seu ilustre Presidente, Dr. Bronzatto, que me noticia, neste instante, que está conseguindo trazer a Porto Alegre, na primeira quinzena do mês de maio, um representante do Instituto de Solidariedade Ibero-Americano, Dr. Lourenço Carrasco, atualmente residente no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, que é correspondente da revista desse Instituto e que é um dos veículos que mais tem debatido no Brasil e elaborado a análise sobre esse tema e que estaria se predispondo a vir a Porto Alegre, porque recebe a informação de que Porto Alegre está preocupada em ser no Brasil, talvez, a capital pioneira em termos de estabelecer legislação que proteja a rede econômica existente na Cidade frente a ofensiva dos grande monopólios que cita-se aqui as duas principais, talvez, redes mundiais nessa área: O grupo Carrefour e o grupo Valmat que, impedidos que estão de estabelecerem-se em outros mercados, agora, chegam, de forma ofensiva, no mercado brasileiro e, em particular, aqui na Região Sul.

A outra boa notícia, pelo menos para os Vereadores que estão interessados em fazer esse debate, é a vinda, no próximo dia 27, a Porto Alegre, de um outro economista brilhante e conhecido de todos nós, aqui da vizinha Buenos Aires, José Luiz Coraggio, que já participou de vários seminários em Porto Alegre. Ao saber da informação de que aqui em nossa Capital ocorre fenômeno semelhante ao que aconteceu em Buenos Aires - que faz com que hoje, por exemplo, o Grupo Carrefour tenha naquela cidade mais de quinze lojas, e foi a partir desse fenômeno que a Província estabeleceu uma legislação - resolveu vir a Porto Alegre para nos brindar com vários debates, sendo um deles promovido pela Associação dos Comerciantes da Azenha, numa reunião-almoço, no dia 27, para a qual todos os Vereadores estão convidados, não só por este Vereador, mas, também, oficialmente, pela Associação.

Gostaria de dizer, mais uma vez, que a nossa iniciativa de propor uma legislação não ter sido protocolada por uma questão de dever e lealdade, minha pessoal, à minha Bancada e ao meu Governo, deve-se ao fato de não haver uma posição deles em relação à isso.

Penso que por outra via estamos debatendo um assunto candente, que faz com que nós aprendamos um pouco e tomemos conhecimento desse fenômeno, para que, quando estamos discutindo, num ano eleitoral, alternativas de desenvolvimento para o Estado, se pense também em como enfrentar o processo de globalização no nível local.

Ver. Cláudio Sebenelo, eu gostaria de, fraternalmente - pena que o meu querido colega e Presidente, Ver. Guilherme Barbosa, não tenha direito à réplica - dizer-lhe que não posso concordar com o seu raciocínio que compara qualquer grupo econômico local, por maior que seja aqui na região, com o Grupo Carrefour. Isso, Ver. Guilherme Barbosa, seria comparar o Grupo Agrale - de Caxias do Sul - com o Grupo Ford ou com o Grupo GM. Esse raciocínio, na minha opinião, não resiste a uma análise mais consistente sobre o chamado fenômeno da monopolização e da globalização da economia. É absolutamente injusto querermos enquadrar nos mesmos termos o Grupo Agrale e o Grupo GM.

Gostaríamos de pedir que participássemos mais intensamente desses debates, com a vinda, nos próximos dias, de dois grandes estudiosos do assunto, para que não tomemos decisões precipitadas. Mas que prevaleça o bom senso, que, aliás, a Província de Buenos Aires já teve, ao legislar sobre o assunto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  A Vera. Anamaria Negroni está com a palavra para discutir.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Hoje temos em Pauta vários Projetos e seria impossível falarmos sobre todos eles neste exíguo espaço de tempo.

Ás vezes, as pessoas dizem: “a sua inimiga política”. Eu não vejo ninguém como meu inimigo político, mas como adversário político. Neste momento, faço uma  homenagem a Ver. Maria do Rosário, que é minha adversária política, pelo brilhante  Projeto que autoriza o Executivo Municipal a colocar uma placa alusiva às “Madres de la Plaza de Mayo” na Praça Argentina. Realmente, tenho que parabenizá-la por trocar a placa de Videla por uma placa dessa importância, que simboliza o sofrimento dessas mães que tanto lutaram e que continuam lutando, o sofrimento pela perda de seus filhos, de seus maridos e entes queridos. Vamos inclusive trabalhar para que este Projeto passe  em regime de urgência.

 

A  Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço as palavras e a sensibilidade da Vera. Maria Negroni. Nós estamos permanentemente conversando, o próprio Ver. Pedro Ruas que requereu ao Poder Executivo a retirada da placa alusiva a presença do ditador Jorge Videla em Porto Alegre. Faço questão que seja um Projeto de todos nós.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Estou muito grata. Gostaria de falar a respeito de um Projeto de autoria desta Vereadora, que está em Pauta e oficializa na Câmara Municipal de Porto Alegre, o “Dia dos Pais”, a ser comemorado no segundo domingo do mês de agosto de cada ano. Porque, a exemplo do que já ocorre há muitos anos nesta Casa, uma homenagem que é feita inclusive pelo nobre Ver. João Dib, que sempre entrava com esta proposta na Câmara, e sempre é muito bem-vinda, para comemorar o “Dia das Mães”. Nós não vamos descriminar; se existe uma homenagem para as mães, por que não haver para os pais?

Agora, devo parabenizar o meu nobre e querido Ver. João Dib, com esse Projeto realmente, muito importante para  a nossa Cidade, que, inclusive, trouxe essa discussão até à mídia nacional. Parabéns Vereador, porque, na realidade, o seu Projeto visa proteger os pequenos e médios empresários que estão sendo engolidos pelos monopólios existentes no nosso País. Não podemos falar apenas no problema Carrefour, mas eu estenderia também a outros grupos, inclusive, gaúchos, porto-alegrenses que estão monopolizando o comércio em Porto Alegre. Isso, para nós, é injusto, porque, nós mesmos, como proprietária de uma imobiliária, temos visto o quanto tem sofrido aqueles pequenos e médios empresários, que tantos anos de trabalho, de labuta, conseguem construir, fazer o seu ponto de trabalho e de repente começa haver um giro de negócios, aí cresce a vista dos grandes monopólios, e eles, ali, naquele lugar, vêm a colocar um grande negócio, estragando com tudo. Como disse  o Ver. Adeli Sell, eu acredito que há mais falências. O problema maior de todos é a falência nesses casos Ver. João Dib, e nós vimos muitos casos nesse sentido.

Eu gostaria de me reportar, concluindo Vereador, que na Europa isso não é possível. Eu morei lá por mais de dois anos, em três países, e a gente vê, em cada quarteirão, um minimercado, uma padaria, uma fruteira. Esse é o caminho que nós, porto-alegrenses, devemos tomar.

Eu aproveito o ensejo para parabenizá-lo, Vereador, porque a sua Emenda também é muito bem-vinda. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ontem a Executiva Estadual do Partido Socialista Brasileiro concedeu uma coletiva à imprensa, onde comunicou a sua decisão de não concorrer mais ao Senado.

Por que o PSB tomou essa decisão? Até então, parecia que havia consenso para os cargos de Governador, Vice-Governador e Senado. Mas, nas últimas semanas, através de várias manifestações por parte do próprio PT, do PDT e do PC do B, ficou claro que não estava havendo consenso. E o que o PSB resolveu fazer? Não havendo consenso, não seríamos nós que inviabilizaríamos essa aliança. Portanto, num gesto que nós qualificamos de grandeza, os dois nomes que estavam sendo cogitados, Beto Albuquerque e José Paulo Bisol, assumiram uma candidatura à Câmara Federal, porque o PSB entende - e aí está o gesto de grandeza - que a construção das esquerdas é muito mais importante do que o nome. E agora, o nome do companheiro Tarso Genro está em apreciação e esperamos que possa assumir esta candidatura que estava sendo chamada pelos demais segmentos.

Mais uma vez queremos ressaltar que o Partido Socialista Brasileiro quer fazer parte desta frente e entende que esta construção é o único caminho para realmente chegarmos ao poder dia 4 de outubro, tanto em nível estadual quanto em nível nacional. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Para uma Comunicação de Líder tem a palavra a Vera. Anamaria Negroni, pelo PSDB.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores que acompanham esta Sessão, cidadãos de Porto Alegre.

O assunto que me traz à tribuna certamente interessa grande parte da comunidade de nossa Capital, já que envolve milhares de famílias cujos filhos, e pais também, estudam na Pontifícia Universidade Católica (PUC).

Estou-me referindo ao problema criado pela Secretaria Municipal dos Transportes ao acabar com o estacionamento sobre a calçada junto ao leito do Riacho Ipiranga, sem qualquer planejamento. Na verdade trata-se de um verdadeiro caos instalado naquela área da Cidade. É verdade que o estacionamento sobre passeios públicos deve ser proibido, e isto inclusive está previsto no Código Nacional de Trânsito. No entanto, simplesmente acabar com o estacionamento que servia a milhares de alunos sem um estudo, sem planejar nada, simplesmente abrindo uma valeta na calçada, é um absurdo tão grande quanto a confusão que se estabelece nas horas em que os alunos procuram chegar àquela universidade. A PUC, diante do problema, criou um gigantesco estacionamento pago, onerando ainda mais os seus alunos.

A demanda é tão grande que o estacionamento já não comporta tanto carro, o que obrigou à PUC arrendar um terreno do Exército para abrigar o novo estacionamento.

Como a área virou terra-de-ninguém, ou melhor, de domínio territorial da PUC, a direção resolveu cobrar o estacionamento na hora em que os alunos chegam, e não na saída.

A confusão é enorme e os congestionamentos são fantásticos. E fiscal da SMT, que seria bom, nem pensar. E quem é obrigado a trafegar pela área, acaba enfrentando uma enorme tranqueira nos dois lados da avenida, que se estende, invariavelmente, da Av. Cristiano Fischer até a Av. Barão do Amazonas.

Na tarde de ontem, fui procurada por estudantes da PUC e tomei conhecimento de um novo problema enfrentado por quem estuda naquela universidade. Eles estão cansados de perder aulas e provas, inclusive, por causa dos congestionamentos provocados pela falta de estacionamento.

Temos problemas sérios com relação aos ônibus, pois é uma dificuldade para os alunos conseguir pegá-los e chegar àquela universidade.

Nós sentimos que é urgente, Sr. Presidente, que alguém faça alguma coisa  em favor dos alunos da PUC, tremendamente prejudicados pela insensibilidade, omissão ou incompetência da SMT. A não ser que tudo venha a ser feito para que a CARRIS aumente o seu faturamento ou, quem sabe, por exigência do Orçamento Participativo. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Com a palavra a Vera. Maria do Rosário em Comunicação de Líder.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, queremos saudar, pela Bancada do PT, o Ver. Carlos Garcia da Bancada do Partido Socialista Brasileiro desta Casa.

Dizer que, sem dúvida, a apresentação feita pelo Ver. Carlos Garcia das razões pelas quais o Partido Socialista Brasileiro, neste momento, é parte da própria Frente Popular em nível estadual, buscando construir a vitória das forças populares para o Estado do Rio Grande do Sul em todos os níveis, e que colocará, sem dúvida, Ver. Carlos Garcia seus nomes de maior expressão, entre tantos e tantos nomes que o PSB possui, concorrendo à Câmara de Deputados. Entendemos essa disposição do PSB, como uma disposição política de grandeza que, sem dúvida, contribui para que possamos construir aquilo que a nossa gente, o nosso povo espera de todos nós: não a disputa por vagas, por nomes, mesmo que tenhamos um nome em torno do qual estaremos reunidos, com certeza e com muita força, que é o nome de Olívio Dutra, assim como, possivelmente, teremos um nome em torno do qual estaremos reunidos com muita força na candidatura ao Senado e na própria candidatura a Vice-Governador.

Mas, o certo é que uma frente política se faz com um projeto político. E, esse projeto político, sem dúvida, o PT, o PSB, e os partidos que virão a compor a Frente Popular tem: um projeto para emprego; um projeto que vê a necessidade de apresentarmos soluções para as questões da pequena e da média empresa; para aqueles setores que estão sufocados dentro da economia e que não tem recebido a atenção que deveriam por parte dos governantes; para aqueles setores que não sonegam, pagam seus impostos em dia, a pequena e a média empresa pagam seus impostos em dia, estão em dia com a folha trabalhista, Srs. Vereadores, mas são aqueles que estão jogados à falência todos os dias pela falta de incentivo, e aqueles que mais geram empregos. Entre 70 e 75% dos empregos gerados vem desse seguimento da economia no campo e na Cidade.

Portanto, Srs. Vereadores, observamos que o nosso projeto político chega nessa parcela da população, chega nos agricultores, chega naqueles que lutam para manter as suas pequenas propriedades, aqueles que lutam pela terra, os trabalhadores sem terra, também. E chega naqueles que clamam por políticas de assistência social, como políticas prioritárias, especialmente, Ver. Juarez Pinheiro, naqueles que clamam por emprego. Aqueles que peregrinam por uma vaga no mercado de trabalho, aqueles que são jovens e estão iniciando sua vida profissional e são explorados, muitas vezes,  em esquemas de estágio de grande empresas que retiram uma fatia já do seu salário, através do chamado estágio, e aqueles que fazem estágios onde não têm nada a ver com a sua formação educacional. Portanto, Ver. Carlos Garcia, receba o nosso abraço.

Por fim, gostaríamos de dizer desta tribuna, para que não paire nenhuma dúvida, de que a Bancada do Partido dos Trabalhadores, nesta Casa, articulada, trabalhando com o próprio Paço Municipal, tem para com todos os Vereadores e todas as Bancadas que discutem a formação do bloco popular e democrático deste ano, o maior respeito, amizade e consideração. Quero fazer uma declaração, Ver. Gerson Almeida, que já esteve á frente da Liderança desta Bancada, da nossa preocupação de que não paire dúvidas de que a Bancada do PT em nenhum momento ocorre qualquer censura e julgamento sobre as outras Bancadas. Queremos, Srs. Vereadores, fazer o debate político. Não somos pautados por esse ou por aquele jornalista em que pese tenhamos o respeito por todos os que ocupam os espaços de comunicação. Mas sabemos que entre esse momento e de fato o momento em que efetivaremos a nossa aliança política como resposta aos desmandos a uma ditadura civil imposta neste país, perdida da legitimidade que obteve nas urnas alguns anos atrás e capitaneada por Fernando Henrique, em nível nacional, e neste Estado por Antônio Britto. Nós sabemos que nesse interregno é possível que alguns setores da grande empresa, da mídia, setores que hoje se beneficiam dos sessenta e nove milhões despejados pelo Governo do Estado nos seus espaços tentem colocar alguma cunha e então dizem que há contradições. Existe, Srs. Vereadores, faço questão de dizer, um debate aberto e um debate duro, muitas vezes. mas nunca, Ver. Nereu D’Ávila a disposição da Bancada do Partido dos Trabalhadores em tutelar qualquer Bancada. O que buscamos é, desde já, e certamente os nossos adversários não reconhecem o que significa esse discurso e essa prática porque se alinhavam entre si  terminando com um partido, acabando com outro; mas, entre nós, o desejo que existe é de fazer uma frente política para o Estado do Rio Grande do Sul, mas que aqui vejam Porto Alegre também como um espaço político de grandeza onde na prática nós já efetuamos a política de governo que queremos implementar em nível estadual. Portanto, respeitem, de modo geral, a nossa ansiedade de que essa aliança possa se efetivar, de que possamos construir os nossos destinos juntos, em nome do povo trabalhador brasileiro e que possamos, desde já, junto ao Executivo Municipal e aos interesses da Cidade, fazer esse trabalho. Especialmente porque é muito tênue a linha que separa a oposição à Administração Popular da oposição à Cidade como um todo. Eu acredito que muitas vezes essa linha tem sido transposta por alguns setores que vêem o bloco da oposição como a solução para todos os seus problemas de bloco, mas nunca para os problemas da Cidade. Em nome da Cidade, do Estado, do País e do projeto que queremos, nós podemos e devemos construir uma frente que respeite todos os  partidos. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Ver. Clênia Maranhão está com a palavra, em tempo de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Bancada do PMDB não tem-se envolvido nessa discussão de uma possível aliança estabelecida entre os partidos para as eleições do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, assunto que foi discutido aqui pela Ver. Maria do Rosário. Porém, insistentemente, desde a Sessão anterior, a Ver. Maria do Rosário tem feito, no seu discurso, que aparentemente é para discutir a questão das alianças, acusações absolutamente irresponsáveis sobre o Governo do Estado. De contrabando, passa dados dispersos e tenta, com prepotência impressionante, colocar-se como dona da verdade e de um pensamento que parece inquestionável. Vereadora, com todo o respeito que tenho pela sua história, ditadura é aquele regime que não é eleito pelo povo e V. Exa. deveria conhecer bem o que isso significa. Talvez seja difícil V. Exa. aprofundar essa tema, porque é muito freqüente, na cidade de Porto Alegre, a crítica feita pelos movimentos comunitários e pelas lideranças do movimento comunitário, quando se referem à relação que é estabelecida entre a Prefeitura de Porto Alegre e as entidades que participam dos Conselhos Municipais. Democracia se faz com respeito às diferenças de posições. No discurso anterior, V. Exa. criticava políticas que não fossem de desenvolvimento. É importante que os porto-alegrenses e os gaúchos saibam que, infelizmente, Porto Alegre não pode usufruir de uma política de desenvolvimento estabelecida pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, porque a política desenvolvida nesses 10 anos não tem se preocupado em criar um emprego sequer para o povo de Porto Alegre. A política tributária desenvolvida nesta cidade tem expulsado dezenas e dezenas de empresas, o que tem diminuído o espaço do mercado de trabalho do povo de Porto Alegre. É muito fácil fazer discursos teóricos, como se estivesse na oposição, mas é importante relembrar que os Vereadores da Bancada do PT são Vereadores da situação e têm a responsabilidade política de administrar e promover o desenvolvimento da capital do Estado do Rio Grande do Sul. Quem vive o dia-a-dia da população de Porto Alegre sabe o quanto nós estamos sendo prejudicados por uma política absolutamente paroquial, uma política que tem que ser modificada, porque não está adequada ao momento político de crescimento da industrialização e do desenvolvimento que vive o nosso Estado, apesar da enorme e tremenda crise econômica brasileira e mundial. Repetir o discurso de oposição sem assumir a responsabilidade administrativa é, na verdade, o engodo de quem não quer, exercendo o poder, atender as responsabilidades do que isso significa e responder às demandas da população. Chegar aqui e falar em democracia, quando nós sabemos o que significa a dificuldade dos Conselhos em Porto Alegre, de serem autônomos e não serem partidarizados; falar aqui em democracia, quando nós sabemos muito bem a pressão que sofrem hoje os membros do Conselho do Meio Ambiente de Porto Alegre, pressionados para defender uma política de meio ambiente para a Cidade, quando é discutida a questão do aterro do Lami ou da implantação de uma pista de eventos; falar em desenvolvimento, quando não há uma política de empregos, de atração de empresas, quando não há em Porto Alegre sequer uma Secretaria de Turismo que seja capaz de atrair investimentos para Porto Alegre, a Cidade que queremos transformar na Capital do Mercosul, é fazer um discurso, no mínimo, demagógico. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, quero requerer cópia do discurso da Vera. Clênia Maranhão, pois eu considero - não usarei a palavra “irresponsável”, como a Vereadora usou na tribuna, para mantermos o decoro parlamentar -, importante para o debate.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Quero dizer à Vera. Maria do Rosário que terei o máximo prazer em dar a cópia desse discurso, porque acho que esse é um debate fundamental para a cidade de Porto Alegre. Muito obrigada.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI (Requerimento): Gostaria de requerer a cópia do discurso da Vera. Maria do Rosário e a do discurso da Vera. Clênia Maranhão. Gostaria que fossem concedidas imediatamente, porque, realmente, são necessárias.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Perfeitamente, poderemos, inclusive, marcar um debate público sobre geração de emprego e renda, para o qual já convidei a Vera. Clênia Maranhão e espero que tenhamos essa oportunidade.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Concordo. Apenas quero afirmar que tenho o maior interesse em fazer com que esse debate seja o mais democrático e popular possível.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gosto muito de Porto Alegre e vou ficar mais um pouco em Porto Alegre. Eu quero uma Porto Alegre transparente, com uma administração prefeitural clara, precisa, concisa e cristalina, coisa que está faltando nesta Cidade.

Já fui até apedrejado nesta tribuna, porque exigi os balancetes, mês a mês, conforme preceitua a Lei Orgânica. Devo dizer que sobre todos os assuntos de que tratarei agora tenho, na minha Bancada, à disposição de todos os Vereadores, cópia do material a ser tratado. No dia 02 de abril perguntava ao Presidente da Comissão de Finanças se realmente a Lei Orgânica, art. 119, obrigava o Poder Executivo a publicar, até 28 dias após o encerramento de cada mês, relatório da execução orçamentária dos órgãos da Administração Direta e Indireta e da Câmara Municipal, nele devendo constar, no mínimo, as receitas e despesas orçadas e realizadas no mês e acumuladas até o mês objeto da publicação, bem como a publicação para o ano. Eu até dizia, para ser informado, se no ano que passou, o disposto nos Parágrafos 2º e 3º, do mesmo artigo, foram cumpridos. O Ver. Adeli Sell, com a precisão e a competência de sempre, no dia seguinte, me respondia que no ano que passou, com atraso, é verdade, todos os balancetes mensais chegaram a partir de maio, sendo que a partir de junho eles chegaram sempre na data correta: em 29.07, chegou maio e chegou junho também; em 28.08, julho; agosto, no dia 26.09; setembro, no dia 27.10, e assim foi. Mas é claro que a preocupação de um Vereador pelos balancetes só poderia se referir a transparência que deve existir na movimentação financeira do Executivo Municipal, e o Prefeito se nega. E recebemos aqui, há cerca de dois meses, na sala do Sr. Presidente, o Diretor-Presidente da PROCEMPA e o Vice-Prefeito de Porto Alegre. Queríamos acesso da Câmara aos dados contábeis e financeiros da Prefeitura Municipal e também os da Secretaria de Administração e outros tantos que fazem parte do dever do Vereador, de fiscalizar a execução orçamentária da Prefeitura. A única coisa que ouvi até agora foi dita pelo Presidente da PROCEMPA, Dr. Rogério Santana, que seria interessante ver as contas da Câmara Municipal. As contas da Câmara Municipal são muito pequenas, é muito fácil de se ver, é só ele fazer o acesso das contas da Prefeitura com as nossas que vamos saber o que acontece. Por que quero, por que incomodo o Executivo Municipal e a Bancada do Partido dos Trabalhadores, para que nos dêem dados suficientes para uma fiscalização correta? Eu não gosto de química contábil. Já fiz uma pergunta aqui e me disseram que a pergunta foi desmentida; sempre digo que pergunta se responde. Pois agora, gostaria de uma nova pergunta embasada em dados indesmentíveis, porque ouvi na Rádio Guaíba o Sr. Secretário da Fazenda dizendo - e isso também está à disposição de todos os Vereadores da Bancada do PPB, quem quiser que vá ali na Bancada - : “IPTU pago a vista dá quarenta e nove milhões”. E o Secretário da Fazenda, por favor, que não diga que o Ver. João Dib confunde IPTU com taxa de lixo; ele, sim, é que fez essa confusão, eu não. Mas entendo a química contábil do Secretário neste caso. A Secretaria Municipal da Fazenda, e isso era no dia 06 de fevereiro de 1998, arrecadou quarenta e nove milhões com a campanha de pagamento a vista do Imposto Predial e Territorial Urbano com desconto de 20%. O montante inclui o pagamento da taxa de lixo. A quitação a vista do tributo, iniciada na segunda quinzena de janeiro passado, teve seu prazo encerrado no último dia 03. A informação sobre o balanço da arrecadação é do titular do órgão, Arno Augustin, e, segundo ele, este ano serão arrecadados noventa milhões de  IPTU na Capital. Eu gostaria de saber onde estão esses quarenta e nove milhões, por isso solicito sempre os balancetes. O balancete de janeiro deste ano traz apenas vinte e um milhões, cento e quarenta e três mil, trezentos e setenta e dois reais que somados aos quatorze milhões, quatrocentos e noventa e nove mil, quinhentos e setenta e seis reais de fevereiro, dão um pouco mais de trinta e cinco milhões de reais. Onde está o resto do dinheiro? É química contábil, Ver. Clovis Ilgenfritz que sorri, mas tem cópia de todos os dados a sua disposição na Bancada do Partido Progressista Brasileiro. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra em tempo de Liderança. 

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e, particularmente, as Sras. Vereadoras, que hoje nos proporcionaram um bom debate nesta Casa, também a minha saudação.

Estamos em época de Plano Diretor, em breve estaremos debruçados sobre essa importante matéria e, junto com a população, passaremos a ver as multifacetadas situações do desenvolvimento urbano da nossa Cidade. Estamos em época de assuntos pertinentes com relação às ruas da nossa Cidade, às suas praças, enfim, toda a sua conformação urbana. Por isso trago uma séria denúncia dos moradores de uma importante rua desta Cidade que é a Alameda Victor Kessler, esquina Plínio Brasil Milano, quem sobe por essa última, exatamente a última rua à direita, onde encontra-se um posto de gasolina que está ampliando às suas instalações para lojas de conveniência, portanto, abrangendo a Alameda Victor Kessler. Daí é que vem a nossa preocupação, em nome dos moradores daquela Alameda de pouco comprimento e também por ser mais estreita que as ruas normais. Ocorre que a ampliação deste posto de gasolina simplesmente desconsiderou o recuo que, por lei, deve ser obedecido e a construção está com uma abrangência sobre o leito da Alameda Vítor Kessler. Isso trouxe conseqüências sérias e aí começam as indagações, surpresas e até a perplexidade deste Vereador. A CEEE foi lá e, simplesmente para beneficiar a construção, transferiu os postes enormes de cimento armado para o outro lado da rua, que seria o lado direito de quem entra na Alameda Víctor Kessler. Esses postes foram colocados em cima do passeio público que já era mais estreito do que as ruas normais, por ser uma alameda mais estreita.

Outra perplexidade envolve a SMOV, pois a colocação desses postes em cima do passeio público simplesmente inibiu o passeio que não é mais passeio e muito menos público. Segundo informações, nem carrinho de criança passa no passeio público que foi invadido, anulado.

Então, estamos diante de duas grandes perplexidades: por que essa construção desrespeitou o recuo regulamentar e por que a SMOV permitiu que a CEEE transpusesse os postes e acabasse com o passeio público dos pedestres. Por isso estamos consubstanciando, neste momento, um pedido de informações à SMOV para termos oficializado se houve licenciamento da SMOV para que a ampliação do posto de gasolina não obedecesse o recuo regulamentar; se isso foi permitido pela SMOV ou se foi uma atitude unilateral, cuja única responsabilidade seria deste posto de gasolina. O segundo item seria quanto à CEEE, que é um órgão estadual e não tem a nossa abrangência, não temos competência para interferir, mas então por que a SMOV permitiu que a CEEE transferisse os postes de luz para o lado direito e acabasse, eliminasse o passeio público que é um absoluto direito dos pedestres. Este é o Pedido de Informações que estamos encaminhando e gostaríamos que, se fosse possível, o Secretário da SMOV, sabedor deste pronunciamento, nos adiantasse o por quê destas indagações, que não são normais, absolutamente anormais. Queremos somente a verdade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Vera. Sônia Santos em Comunicação de Líder.

 

A SRA. SÔNIA SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é tão bom quando subimos na tribuna e podemos expressar a nossa opinião sobre um assunto ou trazer soluções. Mas, o que me traz, hoje, à tribuna é para fazer um comentário: muito nos têm preocupado o que tem sido publicado no jornal sobre o impasse que está acontecendo em Bagé, quando os fazendeiros impedem a entrada dos inspetores do INCRA para fazer as vistorias. Eles argumentam que a unidade animal, que é contada por gado até 2 anos, é de 0,37 UA, que é o índice de medição e, como eles dizem, e o de  “vaca velha” é de  0,87 UA, e eles têm sobre os seus campos um número muito grande de novilho precoce, animais jovens e muito menos de gado envelhecido e isso prejudicaria na hora da avaliação. Eles tentam impedir a entrada do INCRA para chamar a atenção para que seja mudado esse índice que faz a contagem, que faz a medição para a desapropriação de terras. Ali, mesmo, na metade Sul, na fronteira oeste, nós temos o caso da formação da milícia - Secretaria Extraordinária de Organização Fundiária - que controla essa questão de invasões na área rural. Nós vemos a OAB se mobilizando, hoje, foi publicado na imprensa que essa lei será sancionada pelo Prefeito Glênio Lemos e que será publicada no Diário Oficial do Município, no sábado. O Prefeito Glênio Lemos conseguiu trazer à discussão uma questão importante. Ele alega o artigo 23 da Constituição Federal nos seus incisos I e VIII. Afinal de contas o que é de competência do Município? Isso nos traz preocupação, porque a justiça nega a utilização de força em Livramento. Concede força para que seja, finalmente, feita a inspeção em Bagé. Muitas vezes é utilizado força para remover famílias que estão invadindo terras outras vezes para garantir a permanência delas.

Afinal de contas nós estamos vivendo uma crise muito grande. Um Senador esteve numa entrevista, recentemente, dizendo que deveriam acabar com a UDR e o MST. São questões que nos preocupam muito.

Nós teremos, nesta semana mais uma vez, uma movimentação em nossa Cidade em função da questão da reforma agrária com o movimento dos sem-terra. Acho que nós, Vereadores desta Casa, devemos expressar a nossa preocupação e devemos, cada vez mais, somar as nossas vozes para que haja finalmente e definitivamente uma política agrária feita neste País, e que esses pontos de conflitos não venham a se agravar.

Nós estamos num ano de eleição e essa panela de pressão pode, sim, explodir e nós não queremos ter aqui, no Rio Grande do Sul, um novo Pontal de Paranapanema. Esperamos que seja encontrada, finalmente, uma solução para essas questões e não venham essas pessoas sofrerem cada vez mais. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Vinte e cinco Vereadores presentes. Há quórum. Comunico ao Plenário que, amanhã, às 11 horas, estaremos assumindo a Prefeitura Municipal, tendo em vista a viagem do Sr. Prefeito. Convido a todos os Vereadores para prestigiarem a transmissão de Posse da Prefeitura Municipal.

Comunico que na sexta-feira, este Vereador, Luiz Braz, o Ver. Elói Guimarães, o Ver. Adeli Sell e o Ver. Paulo Brum receberão um diploma de “Colaboradores Eméritos do Exército”.

O Ver. João Dib já tem uma condecoração maior, encaminhada a Brasília e estará sendo homenageado com a “Medalha do Pacificador”.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Senhor Presidente, pela questão que foi trazida como informação ao Plenário, de que V. Exa. estará assumindo a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, gostaríamos de requerer que, neste momento, votássemos a licença do Sr. Prefeito Municipal para que ele possa viajar para a Cidade de Rosário, na Argentina, representando a Prefeitura Municipal, viabilizando que V. Exa. tome posse na função de Prefeito da Cidade.

 

O SR. PRESIDENTE: Não temos ainda o Requerimento de licença na Mesa. Tão logo chegue, vamos colocar em votação.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2499/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 018/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que altera a redação do inciso III do art. 90 da Lei Complementar nº 133/85, que estabelece o Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de Porto Alegre. Com Emenda nº 01.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da CEFOR. Relator Ver. João Carlos Nedel: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da CECE. Relator Ver. Eliseu Sabino: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA, Art. 82, § 1º, I, da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLCL nº 018/97, Proc. nº 2499/97.

 

O SR. SECRETÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tem um Requerimento de pedido de adiamento por uma Sessão, firmado pelo Ver. Carlos Garcia.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de adiamento. Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, o Ver. Jocelin Azambuja havia combinado com esta Vereadora a apresentação de um Requerimento no sentido  da  inversão dos trabalhos na Ordem do Dia, colocando em primeiro lugar o Projeto de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que versa sobre a questão dos pontos de estacionamentos temporários e rotativos. Em segundo lugar, o Projeto da CEDECONDH, que trabalha com as fitas de vídeos. Sr. Presidente, estou sendo informada de que o Ver. Jocelin Azambuja não está.

 

O SR. PRESIDENTE: O da página 13 seria em segundo lugar, que seria o da CEDECONDH e o da página 10 em primeiro lugar, de acordo com o que está colocando V. Exa.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Se V. Exa. permite, gostaria de perguntar se a Bancada do PTB tem concordância.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Requeiro que a Sessão seja suspensa por um minuto.

 

O SR. PRESIDENTE: O Requerimento do Ver. Reginaldo Pujol, é para suspender a Sessão por um minuto, a fim de que as Lideranças possam se entender, mas pediria antes de suspender a Sessão Ver. Reginaldo Pujol e Vera. Maria do Rosário, que colocamos também no Requerimento o Projeto da página 18, que é só Discussão Geral, daquele Projeto da Mesa, que vai possibilitar a Comissão do Plano Diretor.

 

(Suspendem-se a Sessão às 15h37min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h46min):  Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Requeiro que o PLL nº 079/97 seja votado logo após o PLL nº 155/97.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito também ao Plenário que votemos o PR nº  032/97.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, e que logo após a votação desses projetos possamos votar os vários requerimentos que se encontram na Mesa.

 

O SR. PRESIDENTE: Então, pela ordem, PR 032/97, PLL 098/96, PLL 155/97, PLL 079/97 e, logo após, os requerimentos. Está em votação o Requerimento. Os Srs. Vereadores que o aprovam, permaneçam sentados. (Pausa). APROVADO.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA (Esclarecimento): Sr. Presidente, existem dois projetos de alteração do Regimento: o Projeto de Resolução nº 032/97 e o Projeto de Resolução nº 007/98. Nós todos estamos empenhados na agilização da questão referente ao Plano Diretor, portanto, eu creio que é o Projeto de Resolução nº 007/98. Então, o Projeto de Resolução nº 032/97 não entra no acordo de votação.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu dei uma informação equivocada para o Plenário. Eu falei no Projeto nº 032/97 porque pensei que nós tínhamos ainda mais uma Sessão de discussão. E o Projeto nº 032/97 é também referente ao Regimento da Câmara Municipal, mas ele já é daquele projeto-geral de modificação do nosso Regimento. O Projeto nº 007/98 não foi incluído naquele nosso requerimento inicial.

 

 

VOTAÇÃO

 

PROC. 0576/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 007/98, de autoria da Mesa Diretora, que inclui “Título X - Das Disposições Transitórias” na Resolução nº 1178, de 16.07.92 (Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre). Com Emenda nº 01

 

Parecer

- da Comissão Especial: Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82, § 1º, II  da LOM;

- discussão e votação nos termos do art. 126 e seus §§, do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PR nº 007/98. (Pausa.) O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Este processo está na  primeira rodada de votação, é de autoria da Mesa, e nós entendemos que existe um consenso deste Plenário para o seu encaminhamento. E com isso, teremos abertos os caminhos para estabelecer um rito de discussão do 2º Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental.

De fato, inclui nas disposições transitórias do Regimento da Câmara Municipal, o título 10º., que diz que, através do art. 238, será estabelecido um rito especial para a aprovação do Projeto que propõe a instituição do 2º Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre.

O rito especial, referido no “caput”, será proposto ao Plenário através de um outro Projeto de Resolução, de autoria da Mesa, após consulta às Lideranças.

O Projeto de Resolução, parágrafo 2º, referido no parágrafo 1º. do anterior, será, independentemente da Pauta e de pareceres, incluídos na Ordem do Dia para a votação, cabendo emendas de Lideranças no limite de duas por Bancada. O Projeto, parágrafo 3º., deverá obter, para a sua aprovação, maioria absoluta dos membros da Casa.

Srs. Vereadores, ontem, aproveitando a visita do Sr. Prefeito Municipal, em conversa com o Presidente da Câmara Ver. Luiz Braz, o Prefeito trocou algumas idéias com os  Vereadores que estavam presentes. Ficou claro para todos nós a disposição que existe da Prefeitura em dar todo o aporte necessário que possa ser solicitado pelos Srs. Vereadores para que este Projeto seja votado com a ampla discussão que deve ter, conhecimento de causa e os esclarecimentos de cada um dos seus conteúdos. Na verdade, nós, do Partido dos Trabalhadores, e acredito que outras bancadas, estamos sentindo necessidade de iniciar logo esta discussão, através de um rito específico.

Esclareço para os que estão nos ouvindo: normalmente, um Projeto entra na Câmara, ou de origem do Executivo ou do Legislativo, tramita no Plenário, em Sessões de Pauta, depois vai para as Comissões Permanentes da Casa, duas, três e até seis comissões podem ser consultadas. Isto demanda um tempo bastante grande, até para um Projeto bem simples. Em se tratando do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, depois da Lei Orgânica é a lei que tem maior complexidade e abrangência para o Município.

Então, entendemos que se fôssemos fazer todo este ritual de uma por uma das Comissões, estaríamos demandando um tempo enorme e não teríamos aquela oportunidade da discussão conjunta que o rito especial poderá estabelecer.

Ao iniciar o processo tomei providências, na condição de Presidente, no ano passado, com a Mesa, Diretores e com anuência das Lideranças, de propor que se estabelecesse este rito especial. Por quê? Porque queremos o envolvimento maior possível dos Vereadores, da comunidade, dos interessados no desenvolvimento da nossa Cidade.

Por isso, a Bancada, através da Líder Vera. Maria do Rosário, me pediu que encaminhasse. É óbvio que somos a favor de que se faça isso o quanto antes. Também é importante que a gente diga: nós queremos aprovar o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, senão em junho, no mês de agosto. Por quê? Porque a Cidade precisa do Plano.

Queria afirmar que estamos de acordo com a Emenda n.º 1, de autoria do  Ver. Antonio Hohlfeldt, que foi relator-geral desse parecer. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, essa Resolução que estamos em vias de aprovar nesta tarde é o coroamento de uma série de negociações que foram realizadas pelas várias Lideranças, na qual o Ver. Clovis Ilgenfritz teve grande participação, como acabou de acentuar em seu pronunciamento, encaminhando a votação.

Em verdade, considero desnecessário que façamos comentários acerca do que dispõe o Projeto de Resolução, já que ele foi objeto de comentários específicos do ilustre Vereador que nos antecedeu na tribuna.

O Parecer do Ver. Antonio Hohlfeldt, que é conclusivo sobre a matéria, é acompanhado da Emenda a que se referiu o Ver. Clovis Ilgenfritz, e essa Emenda também foi objeto dessas conversações. O registro que fazemos é tão-somente para mostrar que nós não estamos perdendo tempo em encaminhar esse Projeto, para que ele tenha desfecho o mais breve possível. A única coisa que temos divergido do Ver. Clovis Ilgenfritz é na fixação de datas. Nós devemos usar, para esse Projeto, o tempo necessário, dada a importância do Projeto, que vai implicar, necessariamente, decisões às vezes polêmicas, outras tantas pacíficas, mas todas elas devem ser bem pesadas, em homenagem a esta Cidade que aguarda, desta Legislatura, a edição de um Plano Diretor totalmente adequado às necessidades dos tempos modernos, algo que vai ditar à cidade, no próximo milênio, como nós e nossos próceres iremos conviver. Por isso trago, pelo PFL, aquilo que o Ver. Isaac Ainhorn nos trará dentro em breve pelo PDT, ou seja, o apoiamento, o aplauso e a consciência não só da responsabilidade, mas da forma séria como esse assunto está sendo tratado nesta Casa, coisa que não pode surpreender ninguém, mas que deve ser bem assinalada, bem registrada para que não pairem dúvidas sobre a consciência de que são tomados os Vereadores ao enfrentar esse problema com a maior tranqüilidade, convencidos de que aqui, mais do que nunca, a expressão de Pinheiro Machado se ajuste. Nem tão depressa e nem tão devagar, no tempo necessário, no tempo exato, na medida correta, encararemos essa responsabilidade e iremos responder perante à Cidade, tranqüilamente, no convencimento e na consciência de que esse é o dever de todos nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, para encaminhar.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não há dúvida nenhuma de que há uma urgência na aprovação desta matéria. Esta é a posição dos trabalhistas nesta Casa, conquanto a aspiração de um novo Plano Diretor para a Cidade de Porto Alegre remonta ao período posterior à promulgação da Constituição da Cidade e da Lei Orgânica. Refere-me o Ver. Lauro Hagemann que, há oito anos, ele está sendo elaborado. Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, só de idas e vindas do Executivo ao Legislativo foram duas vezes, segundo alguns, e três vezes, segundo outros.

Eu era Presidente desta Casa quando o então Prefeito Tarso Genro reuniu-se comigo, no início do meu mandato como Presidente do Legislativo Municipal, e disse que, em fevereiro de 96, cá estaria o Projeto do Plano Diretor. Eu asseverei, na ocasião, que trabalharíamos os três turnos, se fosse necessário, para votarmos o Projeto. No entanto, o Projeto veio com tantas falhas técnicas que teve que retornar. E os problemas não eram apenas questões formais técnico-jurídicas, mas também envolvendo o mérito da própria matéria. A Câmara, preocupada com isso, neste Projeto de Resolução, estabelece um rito especial, aquilo que nós, lidadores e profissionais do direito, chamamos de uma processualística própria. Nós estamos estabelecendo um processo legislativo próprio para o exame do Projeto da década, que prepara a cidade, do ponto de vista de sua qualidade de viver, para o 3º milênio. Esse será um desafio para todos nós. Nós temos que enfrentar esse Projeto. O ano está aí e, dificilmente, teremos condições de votar essa matéria neste primeiro semestre, mas acreditamos que é um compromisso desta Casa votar esse Projeto ainda neste ano, até por que o próprio Projeto do Ver. João Dib, que suspende a tramitação de aprovação de projetos, junto à Administração, de áreas superiores a 3.500 metros para lojas e supermercados, gera um grande compromisso desta Casa. Não vamos poder interromper o processo de aprovação de Projetos na Cidade por período que supere alguns meses, porque estaremos entravando o desenvolvimento da Cidade. É óbvio que nenhum Vereador vai querer arcar com a responsabilidade de estar travando o processo de desenvolvimento da Cidade dentro de um regime baseado numa economia de mercado, mas que tem, sobretudo, a preocupação de trazer para cá projetos e investimentos. Deverá haver uma disciplina, necessária, para que esses projetos atendam aos interesses da sociedade e da qualidade de vida da nossa Cidade. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aqui há um dispositivo que estabelece que esse Projeto deverá, para sua aprovação, ter a maioria absoluta dos votos dos membros da Câmara Municipal. A meu juízo, esse dispositivo seria despiciendo, conquanto matéria dessa natureza, por força do Regimento, por força da Lei Orgânica, impõe a maioria absoluta. Portanto, esse dispositivo é totalmente despiciendo.

Esse é o parecer dos trabalhistas desta Casa em relação à definição processual, adjetiva da tramitação do Plano Diretor aqui nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar pela Bancada do PPB.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Porto Alegre tem 84 anos de história de Plano Diretor. A minha correspondência toda, deste ano, está sendo dirigida com o slogan: “98, o Ano do Plano Diretor”. Esses 84 anos de história, que começam com Moreira Maciel, em 1914; Gladosch, no primeiro governo de Loureiro da Silva; depois, Carlos Fayet, Demétrio Ribeiro, Moacyr Moojen Marques, Eduardo Pereira Paiva, que dá nome à avenida que chamamos de Av. Dique.

Começado em 56, em 57 se transformou no Plano Diretor, que teve uma área da Cidade apenas estudada e depois, as expansões “a”, “b”, “c” e “d” que se transformaram no 1º Plano Diretor Urbano. Agora, um Projeto de Lei muito trabalhoso, que serviu de projetos outros, eleitorais, penso, trazidos a esta Casa pouco antes da eleição, em 96, para ser retirado por não ser viável. E mesmo que a esta Casa chegue, é um plano completamente tumultuado. Os técnicos do planejamento não se entenderam o suficiente sobre ele. Cabe a esta Casa fazer um estudo profundo, que eu quero que comece logo. Quero que essa comissão se instale o mais rapidamente possível, até para que, no dia 27, possamos ouvir o técnico José Luiz Coraggio, que vem falar sobre áreas de venda de lojas, áreas de comercialização. Seria já um dado muito importante para essa comissão se instalar e ouvir, não só no Plenário, mas na própria comissão, como algo a ser somado ao Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente.

Essa história do Plano Diretor talvez tenha dado, nos últimos quarenta anos, muitas vezes, para Porto Alegre, o título de capital brasileira de melhor qualidade de vida. Ficamos muito contentes com isso. Quando Prefeito, obtive esse título por três vezes, o que me deixou cheio de satisfação, só que não fiz ampla divulgação, como foi feita na única vez que, parece-me, a Administração da Prefeitura, nos últimos dez anos, recebeu. Fizeram tanta divulgação uma vez que imagino que tenha sido uma vez só.

Mas o ano de 98 tem que ser o ano do Plano Diretor, e nós vamos começar, de imediato, a reunir as entidades, a reunir os profissionais, a reunir a comunidade representativa para que possamos fazer um Plano Diretor capaz de assegurar o crescimento tranqüilo da Cidade. O Plano Diretor é a alma e a vida da Cidade, e a minha Bancada vai estar, intransigentemente, exigindo que 98 seja o ano do Plano Diretor. Por isso encaminhamos, e não poderia ser diferente, favoravelmente. Saúde e Paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Na minha visão estamos um pouco atrasados no andamento desse processo. Já foi dito que esse Plano Diretor vem sendo gestado há oito anos, antes da promulgação da Lei Orgânica, durante as tratativas a respeito dela, já se falava na reforma urbana, e muitas das disposições adotadas por essa Lei foram discutidas na época. Então, já temos mais de oito anos de tratativas do assunto,  embora esse seja um tempo relativo, porque o Plano Diretor é uma questão dinâmica: a Cidade anoitece de uma maneira e amanhece de outra. Não será o Plano Diretor que vai impedir, alterar ou redirecionar o crescimento da Cidade como um organismo vivo, mas ele tem um papel muito importante: o de disciplinar esse crescimento. E algumas balizas já foram colocadas na Lei Orgânica, no capítulo da questão urbana.

Permitam-me a modéstia por dizer isso: a Lei do Solo Criado é um instrumento urbanístico que estabelece a diferença entre o direito de propriedade e o direito de construir, isso no terreno jurídico. A Lei do Solo Criado visa a manter, nas mãos da Prefeitura, a diretriz de crescimento da Cidade. Que não se faça o que vinha sendo comum nesta Cidade, de os empreendedores imobiliários construírem os seus conjuntos e depois procurarem a Prefeitura para suprirem esses conjuntos em locais diferentes da Cidade, dos equipamentos básicos, em detrimento de outras zonas da Cidade.

A questão do novo Plano Diretor enseja uma discussão muito profunda. Precisamos, urgentemente, investir nessa direção. Acredito que a formação dessa Comissão Especial, a exemplo do que ocorreu quando se estruturou a Lei Orgânica do Município, é uma providência saudável e extremamente necessária. O que é preciso dizer, com todas as letras, para quem nos esteja ouvindo, é que Lei Orgânica e Plano Diretor caminham, paralelamente, na constituição da Cidade. Se a Lei Orgânica regula a vida da Cidade, do Município, no plano jurídico, o Plano Diretor regula a vida da Cidade, do Município, no plano físico. Essa distinção é que devem entender os que nos estão ouvindo. Por isso o paralelismo. Não existe discrepância entre um e outro. O balizamento do Plano Diretor foi estabelecido pela Lei Orgânica, as disposições genéricas. Agora trata-se de traduzir essas disposições genéricas em princípios práticos. É isso que pretende o Plano Diretor.

Tenho uma preocupação muito séria com o Plano Diretor, porque ele vem sendo discutido pelas diversas instâncias da Cidade há algum tempo. Dois congressos na Cidade foram realizados. O Plano já esteve nesta Casa, foi retirado, reverteu, voltou, mas há uma concepção de cidade diferente entre aqueles que elaboraram o Projeto enviado para esta Casa e a sociedade. O Plano Diretor que está nesta Casa parece-me uma visão tecnicista da construção da Cidade. Temos que, aqui nesta Casa, ter a competência de adicionar o componente político. Essa vai ser a nossa tarefa.

É preciso que estejamos atentos. Não se trata, no meu entendimento, de uma visão ideológica diferenciada. Não existe, neste caso, visão ideológica. Existe uma concepção de cidade, uma concepção de quem organizou o Projeto - e tenho o máximo respeito pelos técnicos que elaboraram o mesmo - mas eles têm uma visão de cidade para a qual contribuíram as visões de alguns técnicos convocados de outras regiões, até do estrangeiro, e uma visão nossa de cidade: o que queremos para Porto Alegre para daqui a 100, 500, mil anos, quem sabe. Posso estar exagerando na previsão  futurológica. Mas é uma coisa que devemos levar em consideração. Nós estaremos desenhando um projeto de cidade - e vejam bem: um projeto de cidade, não uma cidade - para daqui a 50, 100, 200, 500, quem sabe mil anos. Mas temos que estabelecer os princípios pelos quais a Cidade vai se reger para crescer nesse tempo, a ponto de se tornar, aqui, no Cone Sul da América, um aglomerado humano da potencialidade e do volume que podemos imaginar. Sou favorável à aprovação do Projeto que está em discussão. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Convido  os Srs. Vereadores para uma solenidade de transmissão de posse da Presidência da Casa ao Ver. Clovis Ilgenfritz, que será realizada amanhã, às 10h, no Gabinete da Presidência.

Saudamos, com muita satisfação,  a presença do ex-Vereador Ignácio Neiss.  É com prazer que recebemos os ex-Vereadores, porque também ajudaram a fazer a história da nossa Cidade e a história desta Casa.                         

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Existe na biblioteca da Casa um livro que eu sugeriria que a Casa tomasse a iniciativa de distribuir a todos os Vereadores,  pois o seu estudo ajudaria na apreciação do nosso Plano Diretor. O livro, que inclui de uma maneira muito enfática o meio ambiente, é de autoria da nossa Reitora, arquiteta Wrana Panizzi. Tem uma coletânea de artigos de arquitetos, de urbanistas, de pessoas muito autorizadas, com opiniões extremamente  abalizadas sobre o Plano Diretor. Eu queria  mais uma vez, aqui da tribuna, dar ênfase a um artigo do urbanista e paisagista Lineu Castello, que escreve um artigo memorável nesse livro. Ele pergunta - e essa pergunta também é feita por um urbanista inglês - “o que é importante em uma cidade? Deixá-la crescer, segundo sua alma, segundo seu “anima”, segundo seu coração? Ou fazer um balizamento do seu crescimento, através de aspectos científicos de urbanismo, de paisagismo e principalmente de uma imposição acadêmica de crescimento, engessando e dando forma deste gesso ao crescimento?” Pois é esse o grande debate que travaremos durante o ano de 98, isto é: queremos a espontaneidade da cultura, da alma da Cidade, dos seus botecos, das suas vielas, da sua população, das manifestações da sociedade, ou queremos balizar esta atitude espontânea engessando-a dentro de um Plano Diretor que seja muito mais do que a espontânea manifestação da sociedade, um aprisionamento desta manifestação? Esse é o maior cuidado  que devemos ter e essa é a preocupação maior dos Vereadores ao aprovar esse ritual.

Sei que é muito difícil o debate, principalmente no que diz respeito a duas emendas por Bancada, quando, muitas vezes, é importante um número maior de emendas, um debate mais amplo, porque estamos destinando, neste momento, a direção e  estratégias de crescimento de uma cidade que tem alma, que tem espírito, que tem uma população, um folclore, uma cultura e que não pode ser aprisionada por critérios legais, por manifestações voltadas à agressão à ecologia e, principalmente, no momento em que este racionalismo científico dá lugar ao retorno à nossa natureza, permite a nossa ambição de voltar a ter uma ecologia saudável, adequada e aprazível para a população.

Da mesma forma, teremos uma volumetria, pontos temáticos polêmicos, medidas que dão forma à Cidade, mas que dão também aprisionamento ao seu crescimento. Esta é a importância maior deste ritual: o debate à exaustão; é o mínimo que nós podemos oferecer, como Vereadores, para que a nossa Cidade tenha a sua característica maior, não dos carimbos burocráticos, não dos partidos políticos, não das pessoas, não dos indivíduos, “cidade da administração do fulano de tal”. Negativo. Nós precisamos, fundamentalmente, é de um carimbo maior, é das características da alma desta Cidade que é conferida pela sua estrutura física, sim, pela graça da sua beleza, sim, mas também pelo sentimento maior de um povo que se plasma como o povo porto-alegrense indubitavelmente, inequivocamente, inconfundivelmente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PR nº 007/98. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Em votação a Emenda nº 1 ao PR nº 007/98. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1684/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 098/96, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que institui o estacionamento temporário e rotativo de táxis defronte às casas noturnas e de espetáculos e dá outras providências. Com Emendas nºs 01, 02, 03 e 04.

 

Pareceres

- da CCJ.  Relator  Ver. João Dib: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 02 e 03;

- da CEFOR.  Relator  Ver.  Adeli  Sell:  pela  aprovação  do  Projeto  e  das Emendas nºs 01 e 03 e rejeição da Emenda nº 02;

- da CUTHAB.  Relator Ver. Antônio  Losada: pela  aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 02 e 03;

- da CECE.  Relator  Ver.  Eliseu  Sabino:  pela  aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 02 e 03;          

- da CEDECONDH.   Relator  Ver.  Fernando  Záchia:  pela  aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 02 e 03;

- da COSMAM. Relator Ver. Renato Guimarães:  pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 02 e 03.

 

Observações:

- adiada a discussão por três Sessões; 

- retirada a Subemenda nº 01 à Emenda nº 02.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão e votação o PLL nº 098/96.

Requerimento de autoria do Ver. Paulo Brum, solicitando adiamento da discussão do PLL nº 098/96 por uma Sessão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

 

     DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1245/98 – PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 005/98, que autoriza o Prefeito Municipal de Porto alegre a ausentar-se do País, de 16 a 18 de abril de 1998.

 

Parecer

- da CCJ: Relator Ver. João Motta: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PDL nº 005/98, que autoriza o Prefeito Municipal a ausentar-se do País, de 16 a 18 de abril. (Pausa.) Não havendo quem queira discutir, encerrada a discussão. Em votação.

O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mais uma vez se movimenta o “Prefeitura Turismo”. O Prefeito vai viajar, vai cuidar - segundo ele - de políticas sociais e participação cidadã. No ano passado, meia dezena de dias o Prefeito viajou, não sei quantas vezes o Vice-Prefeito fez a mesma coisa e, este ano, o Vice-Prefeito já se licenciou, porque não sabe o que vai fazer, não sabe qual a posição que assumirá na eleição de 4 de outubro. Mas a participação cidadã se faz com transparência. Espero que o Pref. Raul Pont, que viaja para estudar políticas sociais e participação cidadã, volte com disposição de fornecer ao povo de Porto Alegre, com transparência, com cristalinidade, os dados que a Lei Orgânica determina. Queremos conhecer o fluxo de caixa da Prefeitura, isto é uma participação cidadã. Esta Câmara é a síntese democrática de todos os cidadãos de Porto Alegre, precisamos conhecer os dados financeiros da Prefeitura. Não é possível que o Secretário da Fazenda declare números que não confirmam nos balancetes mensais da Prefeitura e se neguem a dar informações a esta Casa, através do serviço de computação, obrigação imposta pela Lei Orgânica. Qualquer Vereador pode receber informações na hora, e eu duvido que algum Vereador nesta Casa, incluindo eu, conheça o fluxo de caixa na Prefeitura Municipal como eu distribuí para todos os Vereadores que o desejassem as declarações do Secretário que arrecadou 49 milhões e, apenas em dois meses, registrou 35, sendo que no mês de fevereiro deve ter arrecadado mais uns 10, ficando, portanto, faltando uma importância bastante grande para que a coisa fosse transparente e a participação fosse realmente cidadã. Saúde e paz e boa viagem ao Pref. Raul  Pont. Muito Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O  SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra para encaminhar.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Nós queremos encaminhar, é claro, positivamente. Porto Alegre transformou-se, e transforma-se,  a cada dia, pela ação do nosso povo, da nossa Administração e também desta Câmara de Vereadores, numa  referência para todo o País, para todo o continente, para o CONESUL, de um modo particular, onde temos relações econômicas e políticas estabelecidas, onde estudamos a questão da administração da cidade, da cultura e, por isso, Porto Alegre tem sido reconhecida em diferentes lugares do mundo. É natural, portanto, que o Prefeito desta Cidade, que é tão importante para todos nós, que compartilha a sua gestão, a sua administração com a Câmara, com o Poder Legislativo,  se faça presente em eventos como esse que acontecerá em Rosário, na Argentina, para o qual o Prefeito de Porto Alegre é convidado pela Intendência Municipal de Rosário. Nesse encontro, estão sendo tratadas experiências administrativas da nossa Cidade,  estabelecer-se-ão conversações políticas acerca da economia dos nossos países e desenvolvimento a partir das cidades. É um encontro importante, inclusive para um encontro que ocorrerá sobre as mercocidades. Parece-me que não pode passar em branco o encaminhamento feito pelo Ver. João Dib, que é positivo, mas parece-nos sempre crítico à participação do Prefeito nesses eventos internacionais. É absolutamente  fundamental, para uma cidade como Porto Alegre, que é, e muito, preparada para ser a capital cultural, política e econômica - por que não dizer? -, que o Prefeito seja parte e aconteçam essas relações que ele vai estabelecer na Intendência de Rosário. Ficamos absolutamente tranqüilos com a gestão da Cidade, porque, Srs. Vereadores, ela estará entregue mais uma vez, como nos últimos dez anos foi feito, inclusive como antes disso já era feito, de acordo com o que prevê a legalidade, a Constituição e a nossa Lei Orgânica a um Vereador da Cidade de Porto Alegre. Tenho certeza de que a fala do Ver. Isaac Ainhorn, anti-regimentalmente colocada, não corresponde, Sr. Presidente, ao sentimento que nós temos, quando representamos nesta Casa o Prefeito Municipal e dizemos que qualquer dificuldade pode ser superada em nome daquilo que é maior que todos nós, que são as instituições que representamos, o Poder Executivo e Legislativo. E não há problema sobre qualquer questão que tenha havido, tanto que o Prefeito dessa Cidade se afasta, o Vice-Prefeito não assumirá, e nós fazemos cumprir exatamente o que determina a Constituição e a Lei Orgânica: a posse será dada e nós estaremos presentes à posse que o Ver. Luiz Braz tomará como Prefeito desta Cidade no dia de amanhã. Queremos portanto, anunciar, esta nossa disposição política, primeiro, que o Prefeito cumpra a agenda política da Cidade; e, segundo, deve existir tranqüilidade para todos nós e, mais ainda, para esta Casa: o Prefeito será substituído pelo Chefe do Poder Legislativo. Então, Srs. Vereadores, deixo de lado a fala que, de um modo, - uma brincadeira - quero considerar uma brincadeira, nos chamou de “Prefeitura-tur”. E quero dizer que, para Porto Alegre e para representar o povo de nossa Cidade, o povo de Porto Alegre, cabe sim , que o Prefeito vá a Rosário e cabe sim que o nosso Presidente da Câmara Municipal esteja à frente dos trabalhos, com toda segurança de que nós teremos o melhor para a Cidade lá e aqui. Era essa a nossa exposição, claro, encaminhando favoravelmente somente a partir da fala do Ver. João Dib, que nos provocou a este encaminhamento. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Vera. Clênia Maranhão, para encaminhar.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras,  normalmente não faço nenhum encaminhamento - acho, nesses cinco anos de mandato - sobre autorização para o Prefeito representar a Cidade num evento internacional, porque isso é uma conseqüência do processo de integração entre os Países, entre os Estados, entre as Cidades. É gestor da coisa pública, então, tem que evidentemente desenvolver esses intercâmbios. Porém, a intervenção da Vera. Maria do Rosário deixou margem a uma série de questões que não estão explícitas no pedido de autorização da Prefeitura Municipal de Porto Alegre para esta Casa. Portanto, eu vou ler o que está escrito pela Prefeitura em relação ao pedido de viagem do Sr. Prefeito de Porto Alegre. O Decreto Legislativo diz que o Prefeito de Porto Alegre deverá ir à Argentina “com a finalidade de trocar experiências administrativas e manter conversação sobre efetiva colaboração entre a cidade de Porto Alegre e a cidade de Rosário, na Argentina”. Quando a Vera. Maria do Rosário fez a sua intervenção, passou uma imagem de que o Prefeito estava indo lá pelo seu desempenho, por sua gestão em Porto Alegre ter reconhecimento nacional e internacional. Repetindo as palavras da própria Vereadora: “sendo Porto Alegre uma cidade de gestão de reconhecimento nacional e internacional”. Isto não está escrito. Não é por isto que está explicitada aqui a participação da Prefeitura de Porto Alegre. Eu não sei que dados a Vera. poderia trazer para mostrar isso, a não ser o discurso de uma Líder governista nesta Casa.

A outra questão levantada pela Vera. Maria do Rosário é sobre a tranqüilidade que nós devemos ter em relação ao Presidente da Câmara assumir a Prefeitura de Porto Alegre. Eu acho que todos nós, Vereadoras e Vereadores desta Casa, estamos tranqüilos em relação à representação do Ver. Luiz Braz. O que não nos deixa tranqüilos é se realmente o Ver. Luiz Braz vai ter acesso aos documentos, enquanto Prefeito, e se desta vez vai ter as chaves das gavetas, uma vez que é quem vai exercer o mandato de acordo com a legislação.

Para concluir, a Vereadora, da forma que tergiversou a realidade, diz que há uma disposição política do Executivo Municipal para que o Ver. Luiz Braz saia do Legislativo e assuma, como representante, a Prefeitura de Porto Alegre. Não é uma disposição política da Líder do PT que vai fazer com que o Presidente da Câmara assuma a Prefeitura de Porto Alegre. O Ver. Luiz Braz é o Presidente desta Casa; o Vice-Prefeito não vai assumir e é uma questão legal. Não é devido à vontade política da Vera. Maria do Rosário e sim devido à legislação que assim determina. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, quero fazer um Requerimento para que toda a Câmara Municipal reconheça acerca dos diversos prêmios e representação da Cidade de Porto Alegre em encontros internacionais justificados, pela gestão que eu, inclusive, atribuí à Prefeitura Municipal e a esta Casa.

Acho que a nenhum Vereador é dado o direito de censura ao discurso de outro. Quero fazer como Requerimento, farei um Pedido de Informações para que a Vera. Clênia Maranhão, que demostrou um profundo desconhecimento da própria gestão da Cidade, possa conhecê-la, bem como, toda a Cidade, todos os momentos em que a Prefeitura foi convidada para encontros internacionais para demonstrar as políticas deste Município, que deveriam orgulhar a todos os Vereadores, inclusive, à Vera. Clênia Maranhão,  que me surpreende de não se sentir orgulhosa, a partir deste evento.

Mas, de toda a forma, quero dizer que farei o Pedido de Informações e que existe uma carta do Sr. Prefeito, endereçada ao Sr. Presidente, em que os termos da colocação foram apresentados na tribuna. Não sei por que existe essa polarização desnecessária.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO (Esclarecimento): Sr. Presidente, este discurso que a Vera.. Maria do Rosário fez agora foi em que tempo, de Liderança, Requerimento? Não entendi.

 

O SR. PRESIDENTE: Ela fez a título de informação, assim como V. Exa. também. Estou abrindo o tempo para que as duas Vereadoras possam informar à Mesa, a fim de que possamos votar este processo da melhor forma possível.

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. É evidente que o Prefeito tem representatividade quando é eleito e sai para o exterior em representação.

Ele tem autoridade, sim. Que se façam trocas de experiências administrativas, por que não? Especialmente, que o Prefeito eleito e representativo tenha o discernimento de saber o que não se faz em administração e que isto seja posto na mesa, porque nós temos medo dessa forma de representar numa cidade, cujas administrações sempre levam carimbo, não do seu povo, mas de uma determinada Administração, quando a Cidade tem uma cara, tem um povo, tem uma cultura e não precisa de carimbos.

Tenho muito medo, tenho certeza de que o Presidente desta Casa assume com coragem e com a disposição, inclusive, de ser rechaçado no Paço Municipal, de ser maltratado como foi da outra vez. 

Todos nós, Vereadores, evitamos manifestações de desagravo, de solidariedade, passando por cima do episódio. Mas, vemos que hoje existem coisas administrativas que tem que ser ditas, lá em Rosário, entre elas a nossa política de saúde; sobre o turismo, que não temos; sobre os problemas sociais. E, quando se fala em política social e participação cidadã, pergunto ao Sr. Presidente da Casa se a PROCEMPA já liberou o acesso dos Vereadores ao Orçamento da Prefeitura Municipal. Pergunto como seriam nossas relações com essa sensibilidade do Sr. Prefeito e da Administração do Município,  onde as relações entre Legislativo e Executivo são muito ruins, relações estremecidas desnecessariamente. E o Sr. Prefeito deve se lembrar que, para viajar, ele precisa do referendo da Câmara, que nós o fazemos com todo o respeito, com toda a aplicação. Mas, nós temos medo do tipo de representação que a Cidade vai ter, quando sabemos e nos preocupamos com as relações entre Legislativo e Executivo.

Como serão em Rosário, na Argentina, as relações entre Legislativo e Executivo? Talvez lá exista um proveitoso aprendizado de como se relacionar com o Legislativo. E mais do que isso, de como dar importância ao Legislativo que é legítimo, que foi eleito, e que não se procure de todas as maneiras, isso tem que ser dito, na Cidade de Rosário, que o Plano Diretor de Porto Alegre não pode ser desfigurado com a cara de uma administração; o Plano Diretor tem que ter a cara do povo de Porto Alegre; a cara da sua Câmara Municipal, que é a representação legítima do povo e não de uma pessoa ou de uma administração.

Espero, já que o Sr. Prefeito tem a legitimidade, foi eleito, que ele possa ir a Rosário, mas, certamente, teríamos outros enviados bem melhores, bem mais sensíveis, mas como essa tarefa é atribuição do Prefeito, que o faça, então, que seja feliz, e que na hora ele tenha a sensibilidade de separar o joio do trigo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós, da Bancada do PTB, nos sentimos muito à vontade em votar favorável a essa representação do nosso Prefeito à  Argentina, por dois motivos: o primeiro, porque quem vai assumir a Prefeitura durante a ausência do nosso Prefeito é o Presidente desta Casa, Ver. Luiz Braz, o que já é um motivo de orgulho e satisfação para este Legislativo; em segundo lugar, porque o Ver. Luiz Braz é do PTB, que se sentirá orgulhoso com essa participação, mesmo porque, eu tenho a plena convicção de que o Ver. Luiz Braz estará, a partir desse momento, fazendo um estágio no Palácio Municipal, para que no ano 2000 o PTB assuma a Prefeitura de Porto Alegre.

O nosso encaminhamento é favorável à representação do Prefeito à Argentina. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Em votação o PDL nº 005/98. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO com a ABSTENÇÃO do Ver. João Dib.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2590/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 155/97, de autoria da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, que estabelece penalidades aos estabelecimentos que expuserem ou negociarem fitas de vídeo de conteúdo erótico ou pornográfico com crianças e adolescentes. Com Substitutivo nº 01 e Emendas nºs 01 e 02 ao Substitutivo nº 01.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela rejeição do Projeto e aprovação do Substitutivo nº 01 e da Emenda nº 01 ao Substitutivo nº 01;

- da CEFOR. Relator Ver. Pedro Ruas: pela rejeição do Projeto e aprovação do Substitutivo nº 01 e da Emenda nº 01 ao Substitutivo nº 01.

     

Observações:

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM;

- adiada a discussão por uma Sessão;  

- discutiu a matéria a Vera. Maria do Rosário.

 

O SR.  PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 155/97, Proc. 2590/97. O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, este é um assunto, sem dúvida, muito complexo e que temos que ter o cuidado para não cair em uma situação de censura discriminada. Mas é evidente também que os nossos veículos de comunicação, os meios de comunicação em geral, exageram em alguma divulgação, tanto pela intensidade do conteúdo, em algumas vezes, como pelo momento, pelo horário em que os programas são divulgados. Eu me recordo que estava em casa, num domingo à tarde, entre 14 e 15 horas, e passava num dos canais de televisão de maior audiência no País um filme que trazia uma tal de “Cidade de Violência” que eu fiquei absolutamente estarrecido. Era uma morte atrás da outra, com requintes de brutalidade, de maldade, em pleno início da tarde.

Não é possível que possamos aceitar de forma desmedida aspecto como esse, mas devemos sempre cuidar para que não cheguemos a uma censura indiscriminada, porque este é um risco sempre permanente.

Outro aspecto que também chama a atenção é exatamente este que o Projeto quer abordar: o aspecto da divulgação de películas abordando atos sexuais que venham a envolver crianças. Volto a dizer que é preciso cuidado para que não caiamos numa censura indiscriminada, mas também é absolutamente inaceitável que sejam utilizadas crianças e adolescentes para a produção destas películas, e também se permita a exibição indiscriminada, a utilização, o aluguel destas fitas nas casas de vídeo, e outras situações.

É uma iniciativa importante da nossa Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, porque centra na criança e no adolescente tanto a questão da violência, a que antes me referi, como a questão da sexualidade, ao mesmo tempo que não tolhe o desenvolvimento do seu caráter nesta fase importante da sua vida, mas que devem ter um acompanhamento e não o uso e uma liberalidade completa e absoluta.

Anda bem a nossa Comissão e, portanto, deve merecer o voto “sim” de todos os Senhores Vereadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: Eu estou inscrito para discutir, mas cedo meu lugar ao Ver. Cláudio Sebenelo.

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, para discutir.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, queria não só endossar as palavras do Ver. Guilherme Barbosa, que colocou de forma correta o assunto, mas também acrescentar algumas coisas. É papel do Município acionar dispositivos de adequação da exibição de espetáculos, sejam eles na mídia eletrônica ou espetáculos públicos, para que se adaptem à idade, à faixa etária dos espectadores ao conteúdo do que está exposto. Mais do que isso, parece-me que até podemos correr o risco de eventualmente haver um exagero e criarmos uma censura prévia a manifestações artísticas que contenham cenas fortes, como a violência, que é uma característica do ser humano - a agressividade é inata no ser humano -, como a sexualidade. O exercício da sexualidade é uma das características e forma de reprodução, mas isso tem tempo, tem hora, tem local, tem ética, tem pudor, mas principalmente tem faixa etária. Uma criança ao nascer já tem sexualidade. Se forem examinados os nervos periféricos dos lábios das crianças constatar-se-á que a enervação dos lábios da criança já está madura, porque no primeiro dia ela exerce a fase oral integralmente, como uma defesa alimentar, através do contato com o seio materno. A anatomia humana é muito bonita, existe em todos nós e não pode ser usada de uma forma absolutamente agressiva. A relação entre as pessoas, entre elas a relação sexual, não pode descambar, não pode ser confundida com promiscuidade e inadequação. Por isso, a felicidade do Projeto da Vera. Maria do Rosário, que deve ter o consenso desta Casa, pois estava exatamente localizada nesse fenômeno de educação. É fundamental que se volte a sociedade para um processo educativo e que participem dele a mídia eletrônica, a imprensa escrita e falada, os nossos espetáculos. É evidente que numa tragédia grega existe violência e também é evidente que num romance de Jorge Amado existe sexualidade, mas isso deve estar adequado às faixas etárias, e a proteção à integridade psicológica das crianças faz com que nós, legisladores, tenhamos essa obrigação precípua de adequar, de encaixar nas faixas etárias os espetáculos programados. E se corremos o risco de ser censuradores e “castradores” - entre aspas - amanhã não seremos acusados de omissos e, então, o mal seria muito pior. Por isso, preferimos, hoje, uma atitude um pouco mais vigilante, não policialesca, mas zelosa, um pouco mais voltada a essa epidemia de imagens deturpadas que nossa sociedade presencia, pois se não tomarmos essa atitude veremos que, mais tarde, as próximas gerações vão nos acusar de omissão em função de silenciarmos, de calarmos, de não providenciarmos dispositivos legais que previnam todos esses problemas gerados por essa inadequação presente não só em nosso derredor; mas, especialmente, num dos mais convincentes meios de educação e de deturpação chamado mídia eletrônica. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu já tive a oportunidade de dizer que, na minha opinião, esse é um Projeto extremamente importante e, por isso, eu não aceitava a idéia de votá-lo de uma maneira apressada, sem que pudéssemos fazer uma grande discussão em torno do seu conteúdo.

Digo até que é uma pena não podermos estabelecer penalidades maiores, porque acredito que o crime em que se envolve um comerciante que vende essas fitas de vídeo de conteúdo pornográfico para crianças e adolescentes é um crime que mereceria punições muito grandes, porque ele está mexendo com a essência da matéria-prima mais importante que temos no mundo, que é a criança, que será o futuro da nossa sociedade.

Essas fitas produzidas são de tão mau gosto, tão ruins, não têm nenhum objetivo maior, o único objetivo é chamar a atenção de algumas pessoas que têm, talvez, um pouco de problemas no campo do erotismo, mas que não é o problema da criança; não é o erotismo que se desenvolve normalmente em qualquer ser humano; é um erotismo mais doentio, aquele que está na mente de pessoas mais adultas, mas que não deve ferir de perto a pureza, principalmente da criança e do adolescente. Não é o problema da sensualidade, que já foi trazido aqui quando foram referidos os romances do Jorge Amado e, inclusive, a própria colocação desses romances na televisão e no cinema. Ali temos a sensualidade que vamos encontrar entre o homem e a mulher, principalmente quando estão apaixonados, quando existe o romance. Nesse momento existe a sensualidade, e esta sensualidade não deve ser proibida ao adolescente e nem mesmo à criança, porque, afinal de contas, é algo que nos envolve no dia-a-dia. Eu costumo, Ver. Lauro Hagemann, de vez em quando correr no Parque Marinha do Brasil  e é muito comum vermos por ali casais que não vão correr nem caminhar, mas que lá estão para namorar. Estão lá exercitando a sensualidade, e qualquer criança, qualquer pessoa que passe por ali não está vendo nada que possa interferir na sua formação. Agora, quando vamos a uma loja que loca vídeos, podemos entrar em contato com aquelas fitas, mal produzidas muitas vezes e que não têm nenhum interesse em bem formar adolescentes e crianças, mas o único fito é provocar aquilo que não deve ainda ser provocado, ou seja, o erotismo no seu pior lado, que seria essa abordagem pornográfica. Também estou de acordo com a Emenda nº 1 ao Substitutivo, porque é claro que as penalidades impostas aqui vão para o caixa da Prefeitura Municipal, não podem ser mandadas especificamente para dar respaldo a um determinado programa. Muito embora a intenção seja justa, de que o que for arrecadado com as penalidades possa servir para o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, vai ferir, na verdade, a nossa Legislação. Estou de acordo com a Emenda nº 1 ao Substitutivo. Acredito que a Emenda nº 2 torna mais incisivo o que diz o art. 1º e muito embora eu não veja no parecer a aprovação da Emenda nº 2, acredito que essa Emenda venha a favorecer o Projeto. Toda a Casa deve aprovar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para discutir.

 

O SR. CARLOS GARCIA:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaríamos de parabenizar a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos por tomar a iniciativa deste Projeto. Achamos que é um Projeto de alta relevância; primeiro porque ele tem uma visão essencialmente profilática, ou seja, ele visa coibir que as locadoras de vídeos possam expor as crianças a essas fitas. Este assunto é muito abrangente. Se levarmos a discussão para a nossa televisão, sabemos o que é veiculado na televisão no seu dia-a-dia, o que é hoje o 0900 na televisão. Enquanto não se faz uma discussão, simplesmente se usam bloqueadores de telefones para não haver estimulação. Este Projeto vai pelo menos coibir o acesso das crianças. Aqui, na Câmara de Vereadores, todos temos filhos adolescentes, e sabemos - não é uma questão de moralismo - que tudo tem seu tempo, o sexo faz parte da vida, do cotidiano de cada um, mas na maioria das fitas de conteúdo erótico o sexo é feito de maneira apelativa e alterando princípios de sexualidade que independem de um gesto nobre da união de um casal que, basicamente, é o espírito do amor. Mediante isso, somos totalmente favoráveis a esse Projeto, que é zeloso, cuidadoso e profilático, fazendo com que a população infantil possa não ter mais acesso a esse tipo de produto, porque, na maioria das vezes, os proprietários das locadoras não têm consciência do mal que estão fazendo a essa população. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esse Projeto  da Comissão de Direitos Humanos da Casa traz um debate muito importante para o Plenário. A discussão, hoje, sobre a comercialização de produtos de mídia - fitas, livros, etc. - que contenham mensagens pornográficas, é uma discussão de fundo, porque ela bate também em uma discussão de qual o tipo de controle temos hoje sobre o que é comercializado para crianças e adolescentes. Digo isso, porque há a maior dificuldade hoje, em Porto Alegre, de se fazer a fiscalização da venda de álcool, por exemplo, para adolescentes. Qualquer um de nós pode visitar bares durante a noite, que vamos ver adolescentes de 13, 14, 15 anos, tomando cerveja e uísque. E há uma Lei proibindo que esses estabelecimentos vendam essas bebidas a crianças e adolescentes!  É importante que nos alertemos para a questão do que chama-se hoje “queima de etapas”. O processo que está aí, a sociedade que está aí, induz a criança a queimar sua etapa de infância. A criança passa a absorver hábitos dos adolescentes, bem como o adolescente passa a absorver hábitos dos adultos. Quando abordamos que o Projeto é específico, que prevê penalidades para quem empreste fitas com esse conteúdo para crianças e adolescentes, não é um caso de censura - digo isso com muita tranqüilidade. Mas, hoje, as televisões exibem farto material que faz com que a criança deixe de ser criança - a chamada “queima de etapa” - fazendo com que ela, de forma precoce, assuma hábitos de adolescentes; e os adolescentes, com tranqüilidade, passem a agir como adultos. A televisão hoje exibe, em todos os horários, um material farto que encaminha para isso. O Projeto nos dá oportunidade de, aqui na Casa, fazer esse debate. Que tipo de ação nós, parlamentares, que tipo de ação a sociedade tem que promover para começar, não a censurar, mas a coibir isso? Porque quando acontece um fato de um adolescente tomar uma ação de adulto, a discussão que vem é de repressão a esse adolescente, e não à sociedade, que fez com que a cabeça dele se transformasse, e o fizesse agir como adulto. Vou dar um exemplo bem clássico: fui Conselheiro Tutelar, e muitas escolas levavam ao Conselho problemas de crianças de sete, oito anos que tinham comportamentos avançados na escola. A escola levava o problema, apavorada, dizendo que meninos e meninas de sete, oito anos tinham comportamento de 15, 16 anos. Nós colocávamos que a televisão e a sociedade é que estavam incentivando esse comportamento.

Portanto, além de debatermos essa proibição da venda e de aluguel de material com conteúdos pornográficos, temos que fazer uma discussão séria. Não se trata de censura e sim de colocarmos limites no que é veiculado hoje. Hoje, às oito horas da noite, em qualquer canal de televisão, encontramos, de forma explícita, atos de total sexualidade, sedução. Eu não tenho como tirar as minhas filhas de sete anos da frente do aparelho de televisão nesse horário. Eu fico fazendo uma triagem dos programas que estão passando nesse horário com o controle remoto.

Então, há necessidade de abordarmos este tema de forma mais profunda. Em nível nacional e internacional existe um movimento que tenta proibir o uso de criança e adolescente na produção de filmes com esse caráter. Esse movimento precisa ser ampliado, reforçado, porque hoje, em nível internacional, existe uma grande circulação desse tipo de material, com crianças participando de gravações de fitas  pornográficas. Então, existe a necessidade de um movimento para coibir e proibir esse tipo de material. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para discutir.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não há dúvida de que esse tipo de debate pode suscitar uma série de abordagens. Uma já foi exposta, que seria o risco de ser tratado sob o aspecto da censura: a limitação, qualquer que seja, da divulgação de qualquer coisa. Isso é preocupante para nós, porque todos começamos ou formamos nossa ação pública na luta contra a ditadura e contra qualquer tipo de repressão ou coisa do gênero. No entanto, o objeto do debate não pode ser tratado sob essa ótica, na medida em que a luta contra a censura não é igual à luta contra qualquer tipo de regramento moral e de virtudes de um País, de uma Nação ou de uma Cidade. Nós temos preceitos constitucionais, preceitos que a história do humanismo já assegurou, como a Declaração Universal dos Direitos do Homem, como o Estatuto da Criança e dos Adolescentes, como, enfim, uma série de preceitos que são conquistas que foram sendo realizadas na luta política, social e na construção de um padrão de convivência humanista. Uma das questões, naturalmente, que isso implica é o direito às crianças de serem crianças. Esse é, talvez, um dos direitos mais fundamentais que possa ser defendido, e quando há todo um comércio, um mercado que, a partir da exacerbação do erotismo, faz da criança um produto a ser comercializado, a ser vendido, a ser traficado, realmente, esse tipo de comportamento, de padrão tem que ser sustado pela sociedade civil organizada. Ele não pode ser permitido, ele tem que ser combatido e enfrentado de várias formas. O projeto que ora está em debate, da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, tem, inclusive, a origem no próprio Ministério Público. Parece-me que é um modelo importante de associação entre organismos públicos o Ministério Público e a Câmara de Vereadores de Porto Alegre juntos, através da sua Comissão de Direitos Humanos, no sentido de construirmos uma legislação que vá no sentido de humanização e controle sobre determinados tipos de prática e de ação.

A criança não é uma mercadoria, ela não pode ser transformada em mais uma mercadoria à disposição do mercado. Vejam as grande matérias internacionais que são feitas divulgando o turismo no Brasil a partir do acesso fácil a meninas com 10, 12, 13 anos e que são o produto de venda daqueles pacotes de turismo sexual. Isso merece o nosso repúdio, merece o repúdio de todos os segmentos e, sem dúvida nenhuma, demonstra o grau de profundidade com que determinado tipo de prática, determinado tipo de conduta tem sido realizado. Portanto, nada mais justo que começarmos a constituir no Brasil uma legislação que vá na contramarcha disso, não para firmar censura ou limitar liberdade, mas para afirmar valores humanistas fundamentais como o de que a criança tem o direito de ser criança e não pode se transformar em mercadoria para uso e abuso de doentes de qualquer ordem.

Recentemente, as manchetes do mundo todo noticiaram que um garoto, de onze ou treze anos, frustado por ter brigado com a namorada, também de onze ou doze anos, se armou e assassinou, a esmo, vários colegas e uma professora. Essa cena repetiu-se, há poucos dias, no Brasil.

Esse tipo de violência está intimamente vinculado à perversão que está sendo incutida na justa, na legítima e natural sexualidade infantil.

Um garoto de onze anos, ao brigar com a sua namoradinha, se dá o direito de assassinar colegas, é porque está incutido nele aquele ideal machista de que o homem não pode sofrer frustração que venha da mulher. Esse é o lado perverso.

A violência e a exploração sexual são faces de uma única e mesma moeda, e este Projeto, felizmente, vem em bom tempo, porque abre um debate e começa a construir uma legislação que será capaz de ir na contramarcha dessa violência bárbara que é, hoje, cometida pelas crianças. Isso não ocorre somente em revistas e jornais, mas  na televisão e em tantos outros mecanismos que reproduzem esse tipo de problema. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Nereu D’Ávila está com a  palavra para discutir.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é claro que, de sã consciência, ninguém pode ser contrário a um projeto dessa natureza. Ele é carregado, é pródigo de boas intenções e, naturalmente, há de se pensar em medidas alternativas a respeito dessas questões de alcance de vídeo de conteúdo pornográfico para as crianças e adolescentes. No Substitutivo ficou só “pornográfico”, no Projeto falava em “erótico” também. A retirada do termo “erótico” ajuda a minha argumentação. É claro, vou votar favorável. Estou preocupado: já que tantos outros colegas já esgotaram os argumentos da positividade do Projeto, não quero, absolutamente, ser repetitivo. Eu acho - essa é uma reflexão que devemos fazer - que são duas as questões. A primeira é a da aplicabilidade: o Projeto deve ser comunicado aos estabelecimentos. Também não sei sobre o alcance dos estabelecimentos. Vejo que as bancas estão vendendo filmes, aliás alguns bons filmes. Nos últimos dois domingos,  adquiri, numa banca, dois filmes de muito boa qualidade, evidente que de nenhum conteúdo erótico ou pornográfico. 

Eu não sei se o termo “estabelecimentos” abrangeria também as bancas, porque há jornais que estão vendendo vídeos nas bancas. Talvez o termo “estabelecimentos”  alcance ou não essa questão.  

A segunda e principal reflexão que gostaria de fazer é sobre a fiscalização. O artigo 4º do Projeto diz: “A autuação processar-se-á por agente fiscalizador do Município através de ação rotineira, obrigatoriamente por denúncia”. Claro que por denúncia teria que ser feita, mas “rotineira”? Penso que teria que ser afeto à SMIC. Já fui Secretário da SMIC. Claro que, desde a minha participação até hoje, aumentaram os quadros da fiscalização da SMIC, mas ainda são restritos em relação às demandas da Cidade. Não podemos fazer uma lei para ficar no elenco de leis. O Ver. João Dib já, emblematicamente, colocou no nosso inconsciente de tanto repetir: a lei tem que ter aplicabilidade, a lei não pode ser histórias em quadrinhos, não pode haver leis em profusão para ficarem só no elenco da numeração das leis, leis que jamais serão aplicadas. Aqui o meu medo: como “rotineiramente”? Será que há fiscalização suficiente para percorrer, inclusive as bancas de jornais, para verificar “in loco” se há  exposição, ou se foi feito vendas, ou se está fazendo vendas para menores ou adolescentes. Essa é uma questão da fiscalização, que é importantíssima Ver. Pedro Américo Leal. Se não houver fiscalização, a lei vai ser inócua, não aplicável. A terceira questão que eu queria, e é uma reflexão que eu faço apenas para que providências depois sejam possibilitadas pelo Executivo, e aí como vem da iniciativa da Comissão que era Presidida pela Ver. Maria do Rosário e a Vereadora pertence ao Partido do Executivo, portanto a fiscalização está afeto ao Executivo, e sendo de sua lavra o Projeto, é claro que a ela vai incumbir também cobranças do Executivo para aplicabilidade da Lei, esse é o nosso desejo, e se a Lei não for aplicada, não adianta  fazer Leis.

A terceira reflexão Vereador, eu vou fazer rápida, porque fui colhido pelo termino de meu tempo, é a questão de também uma instrução normativa, aí seria cargo da SMIC, quando do envio para os estabelecimento que a lei existe e aplicada, a respeito de como inibir a questão do engano, porque nós sabemos que o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que criança é de 0 a 12 anos, de 12 a 18 é adolescente. Criança com 11, 12 ou 13 anos é muito difícil de saber exatamente, as vezes até uma criança franzina e tem 14 anos, e as vezes uma criança robusta, precocemente desenvolvida tem 10 anos. Então, nos termos da Lei, quem tiver 12 anos e um dia já pode comprar uma fita. Gostaria que não fosse mais uma Lei a ficar no anonimato. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Para discutir tem a palavra o Ver. Pedro Américo Leal.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O que são as infâncias? Como se desenvolvem as infâncias na Psicologia Evolutiva? É preciso que nos voltemos para isso. Chama-se primeira infância o período que vai do zero até os dois, três anos; segunda infância vai dos dois, três anos - é difícil se avaliar, por causa da cultura dos povos, do clima - até os cinco, seis anos; dos cinco, seis anos até os doze anos é a terceira infância; a pré-adolescência caracteriza-se dos doze até os quatorze anos; e a adolescência vai dos quatorze aos dezoito anos. Esta é a Psicologia clássica. Na verdade as modificações já foram feitas através dos tempos, pela própria evolução das sociedades.

Quero chamar a atenção da ilustre Vera. Maria do Rosário de que este é um assunto muito delicado. Por quê? Porque no art. 227 da Constituição do Brasil já são previstos os cuidados, as preocupações da Nação para com suas crianças. O art. 77 do Estatuto da Criança e Adolescente, ECA também se preocupa com as crianças, de tal maneira que faz previsões do que não se pode fazer com uma criança. Não se pode violentar a criança, e estabelece uma série de condições.

Quero dizer que este é um projeto louvável quanto ao mérito, não há dúvida alguma. O que ele pretende, Vera. Maria do Rosário? Ele pretende ir acima da Constituição e acima do Estatuto. Ele pretende regrar alguma coisa que esses dois instrumentos já regraram. O que este Projeto de Lei Municipal tem como objetivo? Complementar as leis da União, o estatuto também é da União. O que esta lei da Vera. Maria do Rosário pretende? Não sei. Pretende fazer com que o Município enlouqueça, através de uma fiscalização quase que impossível de proibir certas fitas de vídeo que não podem ser vendidas. Pretende que os vendedores de fitas tenham a pré-cognição de ver qual é a idade que a criança tem e que fitas ela poderá obter diante da idade que ela encerra e apresenta. Eu acho o Projeto meritório, mas mirabolante.

 

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Se este Projeto não tivesse nenhuma possibilidade de ser aplicado na prática, mesmo assim eu votaria a favor, devido ao poder coercitivo da lei. E isso é fundamental. Ele cria um superego social, um inconsciente coletivo que a sociedade passa a se educar e saber. Por estar proibido, assim como tem os dez mandamentos - tantos são proibitivos -, da mesma forma é a força coercitiva de uma lei. Por isso, acho que já se justifica e, talvez mais do que isso, considero que será omissão nossa não aprovarmos esta lei.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Agradeço o aparte de V. Exa.. Este Projeto reedita, é um eco que se ouve ao longe, é uma voz que repete a voz que já foi proclamada. Na verdade, eu apresento um projeto aqui que é “Diga Não às Drogas” e que caminha pelas Comissões há um ano. Esse Projeto pretende o que a Vera. Maria do Rosário almeja. É voltar à essa questão que o Ver. Cláudio Sebenelo nos trouxe aqui. Quer dizer, falar, falar, falar, mas não terá nenhuma virulência política. Perguntei aos advogados, porque antes de vir à tribuna para encaminhamento e para discussão, procuro me instruir, não venho por qualquer motivo. E acho que devo esclarecer alguma coisa aos colegas.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel se inscreve e cede o seu tempo ao Ver. Pedro Américo Leal.

 

 O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Muito obrigado, Ver. João Carlos Nedel. Eu preciso dar aos meus colegas algum subsídio psicológico, então, vim à tribuna, ilustre Vera. Maria do Rosário, para poder fundamentar as minhas razões.

Eu tenho certeza de que as suas intenções são as melhores possíveis, são as mesmas com que eu apresentei o Projeto “Diga não às Drogas”, que é uma monstruosidade que toma conta do nosso País. Eu tenho verdadeiro asco das drogas, e o que posso fazer? Posso fazer um projeto, esperar que ele ande por aí e cause alguma coisa semelhante ao que o projeto de V. Exa. pretende.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Esclarecimento): Ver. Pedro Américo Leal, eu quero dizer a V. Exa. que nós estudamos essa Legislação Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente, como V. Exa. referiu, e a própria Constituição Federal, no art. 227, e avaliamos que, sem dúvida, se não houver um desdobramento dessa Legislação Federal para a Lei Municipal, se não houver um responsável pela execução da Lei Federal no nível municipal, como já fizemos em relação a outras matérias, realmente, a letra da lei estará morta.

Mas, trazendo para o âmbito do Município essa responsabilidade compartilhada com a sociedade, mas, efetivamente, por parte do Poder Executivo, de estabelecer multa e penalidade e, até mesmo, a cassação do alvará para o caso de reincidência em locação e venda de fita pornográfica para criança e adolescente, em desacordo com a faixa etária ali estabelecida na fita, nós estaremos tomando uma medida concreta, é possível.

Não tomo mais o seu tempo, mas já pedi uma inscrição para poder dialogar com V. Exa. sobre como é possível fazermos isso no Município.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu recolho a sua sugestão, mas pergunto: será que esta lei não está regulamentada? Nós vamos regulamentá-la no Município?

Eu acho que é uma regulamentação de Lei Federal em prol da Municipal. É uma ousadia jurídica, uma novidade? Eu não sei.

Em todo o caso, os ilustres advogados, o Ver. Elói Guimarães, o Ver. Nereu D’Ávila, o Ver. Pedro Ruas, o Ver. Isaac Ainhorn, tem que nos socorrer.

Como nós podemos trabalhar com este instrumento que a Vera. Maria do Rosário criou e nos pede aprovação em âmbito municipal de algo que é federal? Ela quer regulamentar uma lei federal em plano municipal, é possível?

Os ideais da Vera. Maria do Rosário são nobres? São, são os mesmos ideais que me inspiraram no combate ás drogas. Quero dizer a V. Exas. que em Sri-Lanka, na África Negra estão vendendo crianças, todos viram na televisão, vendem crianças. Um jornalista fez uma verdadeira reportagem étnica, comprou uma criança por 200 dólares.

Onde estão os direitos humanos internacionais, que só se preocupam com o Brasil, com a América Latina, porque não se preocupam com a África Negra? Aliás, ninguém se preocupa com a África Negra, nem os Estados Unidos. Não estou saindo do assunto. Estou trazendo um protesto. Nós estamos vendo pela televisão o impossível, comprar-se uma criança, uma menina que chorava, que não queria ir, felizmente o indivíduo que a comprou estava fazendo uma exibição de compra, não queria levar a mercadoria.

Mas, se ele quisesse levar? As crianças dependem de nós, elas são violentadas em casa, são agredidas na rua, não podem fazer nada. Quantas crianças curtem o assédio sexual dentro dos seus próprios lares, com padrastos embriagados, com pais degenerados?

 

O Sr. Pedro Ruas: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para dizer a V. Exa. que nós temos dois ou três aspectos importantes a salientar, quando se analisa como V .Exa faz sob o aspecto jurídico. Nós temos, efetivamente, uma margem de manobra em termos de apresentação de Projeto, que permite um Projeto como esse, e é da maior importância. Num outro aspecto, se nos limitarmos, fizermos uma autocensura em relação a nossa competência legislativa, nós não avançaremos em nada. Num terceiro aspecto - eu trago ao debate o pronunciamento do Ver. Cláudio Sebenelo - a própria legislação já é formadora de consenso, mesmo que ela tivesse em algum nível, o que não é o caso, algum tipo de impugnação por inconstitucionalidade. Eu agradeço à Mesa e a V. Exa. a benevolência pelo tempo.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Pedro Américo Leal, o Ver. Antônio Losada cede o seu tempo a V. Exa.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Muito obrigado, Vereador. Eu não estou aqui fazendo a parte do “advogado do diabo” e nem fazendo o contraditório, estou aqui conversando, trocando impressões, até pedi auxílio aos quatro advogados, que coincidentemente são do PDT. Como é que podemos regulamentar uma lei federal em âmbito municipal?

 

A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apesar de não ser advogada, gostaria de lhe dizer que não se trata, em minha avaliação, de regulamentar uma lei federal em nível de município, mas de constituir uma lei municipal que tem concordância absoluta com a Constituição Federal e com o Estatuto da Criança e do Adolescente; portanto traz para o nível municipal a responsabilidade que tem o Município, porque a Constituição Federal e o Estatuto assim prevêem: todos temos o dever de proteção às crianças. Então, não se trata de regulamentação da lei federal, mas sim de dispositivo de lei municipal atribuindo papel à nossa Prefeitura Municipal, ao Poder Executivo, na prevenção da situação de violência através da exposição de fitas de vídeo de conteúdo pornográfico para crianças, como o  Município pode fazê-lo.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu vou votar com V. Exa., mas apenas quero lembrar a todo o Plenário, que é composto por 33 Vereadores, escolhidos em Porto Alegre, que temos responsabilidades. Não podemos, por afeto a um dos Vereadores, aprovarmos alguma coisa que seja censurada aí fora por ilustres advogados. Tenho este temor e, se a minha presença aqui tem alguma explicação, é somente por isso. Não sou contra o seu Projeto. Eu só lembro ao elenco de Vereadores que temos que ter cuidado, porque de redundância em redundância nós vamos ser conhecidos como uns irresponsáveis, e isso eu não quero para o meu colegiado. 

Todavia, desejo dirigir-me ao ilustre Ver. Juarez Pinheiro, porque não entendi a sua Emenda, no Substitutivo nº 01, em que ele cancelou, ele reprovou, ele tirou com a sua Emenda o contato telefônico. Não sei por quê! Hoje em dia a denúncia, entre aspas, via telefone, é usada até pela Secretaria de Segurança. A Secretaria de Segurança de São Paulo, a Secretaria de Segurança do Rio Grande do Sul, o ilustre Secretário Eichenberg usam e abusam de informações via telefone. Eu acho que é um exagero que o Ver. Juarez Pinheiro teve em fazer essa Emenda. É uma Emenda que contribui negativamente ao Projeto.

Tenho a impressão de que a única coisa que o Projeto teria viável de aprovação era, justamente, a denúncia telefônica, que era a novidade do Projeto. Não como hoje se fez em Novo Hamburgo, em que a imprensa e a polícia praticamente denunciaram duas famílias, V. Exas. devem saber, quando essas duas famílias se voltaram contra o presídio, que traficava cachaça e drogas, e deu o nome das duas famílias. Se quiserem tenho aqui o nome delas. Estão em perigo, porque há 60 detentos trancafiados na prisão de Novo Hamburgo e que, na verdade, poderão ser sensíveis a essas afirmações de que eles são traficantes.

Não entendo por que o Ver. Juarez Pinheiro cancelou, justamente, a única parte aprovável desse Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para discutir.

 

O SR. PEDRO RUAS: Senhor Presidente e Srs. Vereadores. Parece-me absolutamente desnecessário falar agora sobre o mérito desse Projeto, que é indiscutível e que já foi largamente analisado por todos quantos me antecederam nesta tribuna. O Projeto é louvável em todos os aspectos, e também já foi dito ao próprio Ver. Pedro Américo Leal que, no aspecto jurídico e constitucional, não há nenhum óbice, não há nenhuma dificuldade para a aprovação do mesmo.

Reiterando o que foi dito pelos demais Vereadores, pretendo dizer que esse Projeto tem outro mérito, além do que já foi analisado, que é o mérito intrínseco, é claro, e que é um projeto da maior importância para a sociedade. O mérito que vem paralelo ao mérito do Projeto é o de reforçar a idéia de que as nossas Comissões, as Comissões Temáticas da Câmara Municipal são importantes e têm um papel, inclusive legislativo, a desempenhar, talvez não tão exercido quanto deveria ser até o momento.

Esse Projeto - elaborado por uma Comissão que era integrada, presidida, naquele período, pela Vera. Maria do Rosário, presidida hoje pelo Ver. Hélio Corbellini, naquele momento, tinha, além desses Vereadores, o Ver. Fernando Záchia, o Ver. Isaac Ainhorn, a Ver. Tereza Franco, e, além desses, neste momento, o Ver. Henrique Fontana na Comissão - mostra que as Comissões têm um papel legislativo da maior importância para ser concretizado, porque a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos desta Casa, entre outras tarefas, pode e deve exercer a sua competência legiferante e legislativa, a sua competência no aspecto de apresentar um Projeto como este. Por isso, fiz questão de falar no nome de todos os Vereadores que compuseram e compõem essa Comissão, antes presidida pela Ver. Maria do Rosário e, hoje, pelo Ver. Hélio Corbellini, porque são, efetivamente, neste momento, um exemplo para todas as Comissões.

As Comissões Temáticas da Câmara Municipal, como de resto, de todos os Legislativos, elas têm, Vera. Sônia Santos, uma série de competências, onde a menos utilizada é a Legislativa, o que é um equívoco. E aqui não é uma crítica, e sim uma autocrítica, porque todos nós, de alguma forma, talvez, tenhamos atuado menos nesse aspecto do que em outros, porque as comissões em geral recebem denúncias, analisam pareceres, fazem relatório, o que também é um trabalho importante, mas esse tipo de trabalho mostra o que uma comissão pode e deve fazer. E as comissões da Casa, com a sua competência dada pela Lei Orgânica e pelo Regimento, podem atuar mais em termos legislativo, em termos de emendas, em termos, até mesmo, se for necessário, de mudanças na Lei Orgânica Municipal, é claro que tudo isso baseado em uma idéia de constitucionalidade, em uma idéia do que é permitido pela legislação maior. Dentro disso a nossa competência é muito grande. E nós não podemos esquecer que, além desse aspecto, é necessário ousar em termos legislativo, é necessário um nível de ousadia que nos permita crescer enquanto legislativo. Nós não podemos fazer, e contra isso me bato há muito tempo, uma auto-censura em termos de legislação. Temos uma competência que, na verdade é menos estreita do que muitos pensam. E mais do que isso, temos condições de alargar esses limites, de crescer enquanto legisladores. Na nossa Federação,  que tem como lei maior a própria Constituição Federal, existe sim para os Municípios uma capacidade de legislação, especificamente, nas comissões temáticas, uma capacidade maior que não é, muitas vezes, utilizada.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pedro Ruas, eu sempre expus a idéia de que, nas comissões, se faça o trabalho jurídico, agora, vem ao Plenário, o encaminhamento foi feito, tudo certo. Agora, aqui no Plenário nós vamos resolver da praticabilidade ou não.

 

O SR. PEDRO RUAS: O mérito já foi exaustivamente analisado neste Projeto, ele é indiscutível.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Pedro Ruas, o Ver. Hélio Corbellini se inscreve e cede o seu tempo a V. Exa. com a concordância da Ver. Clênia Maranhão e do Ver. Elói Guimarães.

Antes de V.Exa. prosseguir eu peço licença para apregoar um Requerimento  para tratamento de saúde da Vera. Tereza Franco, conforme atestado médico anexo.

 

(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença da Vera. Tereza Franco, e dada posse ao Suplente conforme consta da Ata.)

 

O SR. PEDRO RUAS: Agradeço aos Vereadores. Apenas para encaminhar a conclusão do pronunciamento, Sr. Presidente, eu digo que me parece de extrema importância, Ver. Hélio Corbellini e Vera. Maria do Rosário, que  este Projeto possa ser votado hoje por todos nós, porque é um exemplo de uma atuação diferenciada de Comissão, diferenciada, pegando aquele conceito de que o diferenciado é o diferente com qualidade, porque a Comissão de Direitos Humanos, assim como a CUTHAB, a CEFOR, e todas as Comissões da Casa, tem essa capacidade e competência que precisam ser utilizadas. Veja bem, Ver. Hélio Corbellini, se nós, em cada momento, nos ativermos ao papel dessas Comissões que integramos, e se nós verificarmos o trabalho que pode ser feito em cada Comissão, eu tenho certeza de que a Câmara Municipal cresce, obviamente, no momento em que cresce o legislativo da capital, cresce a sociedade, melhora a sua condição de vida e nós crescemos mais ainda. Nós temos melhores patamares a serem seguidos e tenho certeza de que o Ver. Adeli Sell, que no momento não se encontra, é Presidente de uma Comissão, se esforça para fazer o crescimento permanente da referida Comissão, assim como vários Vereadores. Que esse exemplo passe a ser agora um novo patamar. Nós temos uma Comissão com um Projeto que mobiliza a Casa, mobiliza a sociedade e pode nos render o conhecimento bastante e suficiente para que as outras Comissões também atuem nas suas respectivas áreas em termos legislativos. Esse é um aspecto que não tinha sido salientado e, obviamente, é um aspecto que, independente do mérito,  indiscutivelmente precisa ser analisado.

 

A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, quero cumprimentá-lo pela abordagem, pela sinceridade a respeito da Comissão e dizer que, da primeira vez que a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos promoveu uma ação legislativa, legislando sobre determinada matéria, o tema era a questão das funerárias e, naquele momento, ainda na legislatura passada, sendo o Presidente, o Ver. Mílton Zuanazzi, nós tivemos que fazer uma consulta à Procuradoria da Casa sobre a possibilidade legislativa e, no âmbito da CEDECON, faço questão de recuperar isso, nós conseguimos todo o arcabouço jurídico necessário para o potencial legislativo de uma Comissão. Com isso, contribuiu muito a Procuradoria da Casa. A CEDECON, naquele momento, apresentou e teve aprovada toda uma nova Legislação sobre a questão funerária, e este é o segundo Projeto de autoria de uma Comissão. Acho que esse é o destaque, para a própria Câmara e para o trabalho de todas as Comissões. Muito obrigada.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu estou muito à vontade, porque é uma idéia que alimento há muito tempo de que os anteprojetos elaborados pelos Vereadores sejam pensados e avaliados pelas Comissões, mas que venham ao Plenário. Agora, nós estamos no Plenário. Estou pensando mais nos advogados do que em mim. Nós estamos prestes a regulamentar leis da União.

 

O SR. PEDRO RUAS: Não é esse o caso, Ver. Pedro Américo Leal. Claro que respeito o ponto de vista de V. Exa.; mas, na verdade, quero lembrar e salientar que o Projeto que vem de uma Comissão e as emendas que vêm da mesma Comissão, mas com uma composição, em alguns aspectos, diferente, demonstram que não é a utilização equivocada da competência legislativa, ao contrário, é a utilização correta de um espaço legislativo, e mais, de uma necessidade da sociedade para que haja legislação correspondente. A comissão, quando apresenta um projeto dessa natureza, preenche, responde a uma expectativa da sociedade e por isso é importante nós utilizarmos com coerência, com razão, com coragem o espaço legislativo que temos, sob pena de não cumprirmos fielmente o nosso mandato. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para discutir.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, porto-alegrenses que acompanham o nosso trabalho nesta tarde. Fiz questão de ocupar esta tribuna para discutir um Projeto de lei que procura penalizar os estabelecimentos que expuserem ou negociarem fitas de vídeo com conteúdo erótico para crianças e adolescentes do nosso Município. Esse tema, de extrema relevância, ocupou grande parte dos debates desta Casa, o que na verdade, para mim, simboliza uma preocupação que a Câmara Municipal de Porto Alegre tem tido ao longo dos anos em contribuir na defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes da nossa Cidade. A Legislação aqui proposta está em absoluta consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente. E nós que participamos dessa história de resgate da cidadania das crianças e dos adolescentes do nosso País, sabemos que o Estatuto da Criança e do Adolescente é, seguramente, uma das legislações que foi construída com uma das maiores participações da sociedade, estabelecida através dos fóruns, das comissões, dos debates realizados entre técnicos e entidades civis engajados com a luta dos direitos infantis. Na verdade, hoje, estamos aqui cumprindo o nosso papel de legislador municipal, fazendo uma ação de forma a reafirmar uma legislação para que possamos normatizar, dentro do Município de Porto Alegre, o comportamento dos estabelecimentos comerciais que vendem produtos eróticos e que podem, se não se tiver uma  legislação definida, vendê-los ou propiciar o acesso às crianças e adolescentes. A garantia dos direitos das crianças  e dos adolescentes é definida no próprio Estatuto como uma responsabilidade das famílias, do Estado e da sociedade. A Câmara, na verdade, aprovando essa legislação, estará  reafirmando esse compromisso político que está de acordo com a definição do próprio Ministério Público Estadual, que solicitou à Comissão de Direitos Humanos desta Casa agilidade na normatização desta lei. Em outros momentos esta Câmara, colocando como centro das suas preocupações as questões sociais de direitos humanos e de direitos de cidadania, também já aprovou outras leis onde havia, no bojo da discussão, neste Plenário, a dúvida sobre se tínhamos competência para legislar sobre elas. Recordo-me da discussão que fizemos quando apresentei um Projeto de Lei que visava criar, em Porto Alegre, um sistema municipal de defesa dos direitos dos consumidores. Recordo-me também, quando esta Casa discutiu uma legislação que proibia a venda de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes, discussão sobre os poderes desta Casa feita naquele momento. As explicações dadas, anteriormente, do ponto de vista legal, pelo Ver. Pedro Ruas, clareou-nos muito. Esta dúvida, trazida pelo Ver. Pedro Américo Leal, da responsabilidade que temos e da possibilidade que tínhamos de aprovar uma lei referente a este tema, acredito que a história da legislação brasileira, o estudo das legislações construídas neste País têm demonstrado que as leis avançam principalmente nos momentos em que os legisladores e as instituições legislativas trabalham no limite das suas possibilidades porque é neste momento,  desafiando as realidades, que se constrói o arcabouço legal na defesa dos direitos daqueles que mais necessitam.

Aprovando esta Lei, incorporamos, nesta Casa, a responsabilidade de acompanhar o Executivo para que haja uma efetiva fiscalização dos estabelecimentos para que esta Lei seja cumprida. Conhecemos a legislação que proíbe a venda de bebidas alcoólicas para adolescentes, sabemos que, na prática, em Porto Alegre, infelizmente, ela está longe de ser uma realidade. Muito obrigada.

 

(Não revisto pelo oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação a prorrogação da presente Sessão. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam a prorrogação da presente Sessão permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLL nº 155/97.

 

O  SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Pedro Américo Leal chama à discussão uma questão que é importante neste debate. Quer saber sua Excelência da competência do Município sobre a matéria e reclama de uma figura que se utiliza, do “bis in idem”, ou seja, legislar sobre o que está legislado. Esta figura, Sr. Presidente, pode ocorrer não só em nível municipal, pois uma lei municipal pode reproduzir uma lei estadual e uma lei federal ou nacional. Se fizermos uma análise do preceito, não da penalidade, e estamos diante de uma lei nacional e não federal; nacional no sentido de que a referida lei que envolve a criança e o adolescente e que instituiu o Estatuto da Criança e do Adolescente, envolve a criança, que é um problema nacional, não é um problema adstrito à esfera, à normatização federal. Todo contexto legislativo pode inserir questões referentes à criança, sob os mais diferentes aspectos, não só no campo cível como também no campo penal e no campo trabalhista. Essas três esferas legislativas - União, Estado e Município - quando examinam a criança, nos seus mais diferentes ângulos, vez por outra a legislação federal incide, como a estadual e a municipal. O Estatuto da Criança e do Adolescente é uma lei nacional, dado o papel que a criança representa, e está inserido no contexto das competências legislativas dessas três esferas de legislação. Examinando o preceito, há um “bis in idem”, Ver. Pedro Américo Leal, indiscutível, porque o Projeto municipal reproduz o preceito conforme está lançado na lei federal. Na questão da penalização, da punibilidade, as disposições são diferentes, porque a lei federal não fala em cassação do alvará, ela fala em fechamento, interrupção da atividade. Por que não dispôs assim o legislador federal? Porque ele não tem competência de cassar o alvará, que é matéria de direito local, que é matéria de direito municipal. Então, Ver. Pedro Américo Leal,  V. Exa. traz uma questão que é importante, que é fundamental para que nós não refaçamos o que já está feito. Penso que é importante o debate que V. Exa. traz, embora quanto ao mérito, nada a dizer, porque todos, absolutamente todos, estamos convencidos da importância do Projeto municipal que reproduz o preceito conforme está lançado na lei federal. Na questão da penalização, da punibilidade, as disposições são diferentes, porque a lei federal não fala em cassação do alvará, fala em fechamento, em interrupção da atividade. Por que não dispôs o legislador federal? Porque ele não tem competência de cassar o alvará, que é matéria de direito local, é matéria de direito municipal.

Então, Ver. Pedro Américo Leal, V. Exa. traz uma questão que é importante para que não seja feito o que já existe. É importante o debate que V. Exa. traz, mas quanto ao mérito, nada há a dizer. Porque nós estamos convencidos da importância do instrumento municipal, pelo que representa à criança e ao adolescente.

Há um espaço, Ver. Pedro Américo Leal, onde não se cometeria um “bis in idem”, não se faria uma reiteração de punição na medida em que dispõe, no Substitutivo, a cassação do alvará. A cassação do alvará não disposta na lei federal, porque na lei federal, em matéria penal há um princípio chamado de reserva legal. É a velha máxima latina “nullo crimine nulla poena sine lege”. Não há crime sem lei anterior que defina e nem pena sem prévia combinação legal. Então é preciso estar no preceito, quando se trata de direito penal. O tipo infracional precisa estar devidamente caracterizado ato anti-social, infracional, precisa estar caracterizado no preceito da lei.

A questão do alvará cabe, sim. A lei, na minha opinião, é parcialmente inconstitucional, não se existe essa figura jurídica, porque tem um espaço que ela pode regrar.

Se dispusesse assim: à infração, disposição pornográfica, cassa-se o alvará. Na minha opinião seria perfeito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu poderia, de imediato, e essa era a minha intenção, passar a responder a um dos maiores polemistas do Rio Grande do Sul, o Ver. Pedro Américo Leal, ex-Deputado; mas prefiro falar de uma outra questão anterior. Depois de dizer ao nobre Ver. Elói Guimarães que, com o seu conhecimento jurídico avantajado, esgrimiu, aqui, essa questão de dizer que acho que o Projeto é absolutamente inconstitucional e ilegal e defendo essa tese. Nas mãos desta Câmara de Vereadores temos uma questão importante. Diariamente, os nossos lares, Ver. Pedro Américo Leal, são invadidos pela televisão com dois tipos de violências contra os nossos filhos, contra as nossas crianças. De plano, a questão da violência que, a partir de qualquer horário, não apenas o horário da noite, invade nossos lares e nós nada podemos fazer. Aquilo não é em vão, não é por não ter fitas para gerar, atrás tem uma ideologia de macular nas nossas crianças o vírus da violência. Nós recebemos um outro tipo de violência também tão perversa, que é aquela que visa banalizar a questão do sexo em horários nobres da televisão, não se falando em horários mais adiantados. Essa questão para mim é fundamental, se não podemos intervir e tirar da televisão esses filmes que nos obrigam a assistir, se não podemos impedir que passem filmes contendo tamanho grau de violência, maculando nossas crianças. Veja-se bem o que aconteceu recentemente nos Estados Unidos, quando, numa escola, meninos de tenra idade saíram a metralhar seus colegas e professores. Nós, nesta Câmara de Vereadores, já aprovamos aquilo que estava em nossa competência, um Projeto do Ver. Reginaldo Pujol que obrigava minimamente que as revistas, tratando sobre questões de armamentos, ficassem no envelope, vedando que as crianças pudessem manipular nas bancas de revistas. Temos em mãos, pela proposta importante e inteligente da Vera. Maria do Rosário, como dar mais um passo naquilo que é nossa competência de legisladores municipais, de que essas fitas de vídeo pornográficos fiquem expostas.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria corroborar com V. Exa. Ontem, houve uma cena às 21 horas, em Tudo por amor onde, num motel, às 21 horas, hora de todas as crianças assistirem, um casal praticou ato sexual.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Isso é uma banalização do sexo. Ver. Pedro Américo Leal, V. Exa. tem tratado desses temas aqui, quando combate as questões das drogas com um Projeto que tramita nesta Casa, e quero dizer a V. Exa. que nós temos obrigação de forma unânime de aprovar este Projeto de Lei. O Projeto de Lei, agora respondo juridicamente a V. Exa. que me chamou a colação, ele quando esteve na Procuradoria foi verificado que além da exposição, os demais itens colocados no Projeto original já constavam de Lei Federal, o Estatuto da Criança e dos Adolescentes, por este motivo foi apontado este vício pela Procuradoria e a Vera. Maria do Rosário apresentou o substitutivo vedando apenas a exposição, feito o substitutivo, ele foi colocado à análise da Procuradoria desta Casa, - competente Procuradoria - que verificou um único óbice, que era uma interferência num outro Poder, e por isto Ver. Pedro Américo Leal, tendo em vista este óbice para que se tire completamente qualquer vício dessa importante iniciativa, eu propus a Emenda, para que não houvesse qualquer vício dessa importante iniciativa, eu propus a Emenda, para deixar, para que não houvesse qualquer questionamento da legalidade, da constitucionalidade do Projeto. Quero dizer mais Vereadores, um Projeto de competência privativa da União, previsto no artigo 22  na Constituição Federal, eu não tenho aqui agora, são Projetos que dispõe sobre normas gerais para todo o País. E um dos maiores Juristas desse País, Carlos Ari Sulfet, é absolutamente claro, e eu vou repetir aqui o que copiei no outro Parecer, e ele diz aqui: ”Normas Gerais: Em verdade e na liberdade, suplementando Leis Federal para o fim específico de submeter a contratações - era um outro Projeto - são da absoluta competência do Município.” E diz mais, “Toda vez que o Estado ou Município devem nos seus procedimentos aplicar normas gerais feitas por outros entes, é facultados para eles impor na sua área de jurisdição para sua ação requisitos mais rígidos que os previstos na Lei já editados.” O que a Vereadora Maria do Rosário está fazendo é absolutamente legal, é absolutamente constitucional. Mas este debate jurídico, nesse caso, Ver Sebenelo, ele é o menos importante, este Projeto é tão importante, que eu que gosto de me deter nas questões jurídicas, quero sair delas, dizer - pelo amor de Deus, Vereadores, vamos aprovar de forma unânime e pioneira no País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para discutir tem a palavra o Ver. Décio Schauren. Ausente. Está encerrada a discussão. Em votação.

Para encaminhar pelo PTB tem a palavra o Ver. Leão de Medeiros.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Fui incumbido pela Líder do meu Partido, Vera. Sônia Santos, para vir a esta tribuna tentar suprir o brilho da sua palavra, ao apresentar em nome da Bancada do PTB, os elogios à iniciativa desta Casa, através da CEDECONDH, ao apresentar Projeto de tamanha grandeza. No mérito, depois do desfile de talentos que se ouviu nesta tarde, pouco se poderia agregar para justificar a grandeza da iniciativa deste Projeto. Ouvimos a palavra de eméritos conhecedores do tema, especialmente meu mestre, Ver. Pedro Américo Leal, e outros tantos, como o nobre jurista Elói Guimarães, os sentimentos dos que convivem com crianças e adolescentes, o que é uma constante dos Vereadores desta Casa.

Mas o PTB também se alia a esta iniciativa de somar à aprovação de um Projeto de tamanho alcance. Não me perderia em delongas em discutir a legalidade de tamanha iniciativa, Ver. Elói Guimarães. Certamente a vontade do povo de Porto Alegre, registrada na manifestação de seus Vereadores, há de suprir eventuais inconstitucionalidades que por ventura se encontrem aqui. Certamente, Srs. Vereadores, esta matéria jurídica também já foi apreciada pelo Ministério Público, que é o fiscal da lei, e que foi o instrumento da chegada desta pretensão na Casa Legislativa de Porto Alegre. Por isso, a vontade do povo há de se manifestar no sentido de que Porto Alegre dê o exemplo para outras comunas, que poderão punir, através de uma repressão de polícia administrativa, aqueles estabelecimentos que venham afrontar a vontade da população ordeira dessas cidades, não permitindo a divulgação de vídeos em que as crianças e os adolescentes sejam o alvo dessa violência cometida pelos adultos. Por isso, em nome da Bancada do PTB, mas ainda pedindo vênia e a compreensão dos Srs. Vereadores a este interlocutor da Bancada trabalhista pela falta de experiência na tribuna, relevando esse aspecto, gostaria de contribuir em nome dos cinco Vereadores do PTB para a aprovação desse Projeto de grande alcance que, certamente, colocará, mais uma vez, a nossa Cidade no avanço das grandes conquistas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra para encaminhar como autora do Projeto.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós construímos, coletivamente, este Projeto com a sociedade civil, num primeiro momento, com o Ministério Público Estadual, com as entidades de defesa de direitos das crianças e adolescentes, com os conselhos tutelares, com os conselhos de direitos, com aqueles que se organizam em Porto Alegre, numa campanha que já tem cinco anos de atuação e da qual eu me orgulho de participar, que é a Campanha pelo Fim da Exploração e da Violência Sexual de Crianças e Adolescentes.

Srs. Vereadores, os Srs. conhecem o símbolo dessa campanha. Ela tem quatro flores, e uma delas está caída. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, uma em cada quatro mulheres antes dos 18 anos, é vítima de algum tipo de violência e de exploração sexual. E, lamentavelmente, as estatísticas demonstram que o ambiente doméstico - o quarto, a cozinha, os espaços da casa -, onde os papéis, muitas vezes, são invertidos, e onde o adulto, muitas vezes, supera todas as relações possíveis e acaba impondo o seu poder físico, o seu poder econômico, desvirtuando as relações humanas, ali se processa, na maioria das vezes, a situação da violência e do abuso sexual.

O que tem o nosso Projeto a dizer? Simples, um Projeto que trata sobre a questão de fitas de vídeo de conteúdo pornográfico e a sua concessão, através de locação ou de venda, a crianças e adolescentes com a questão da violência e o abuso sexual. Ora, Srs. Vereadores, está claro para nós, Ver. Antônio Losada, que a cultura da violência é construída socialmente e é preciso que todos nós, na esfera de poder com a qual partilhamos e da qual participamos, darmos um basta à escalada da violência. Ver. Paulo Brum, eu não tenho dúvida alguma de que aquele lema que nós, num primeiro momento adotamos, de que cada esfera deve cumprir o seu papel, deve ser assumido por nós, sempre como exemplo que deve ser dado.             

Nesta Casa, tantas vezes nós atuamos na cobrança do trabalho dos Conselhos Tutelares, buscando garantia e condições de trabalho, mas cobrando também a eficiência.

Nós estamos sempre presentes vendo quais são as ações que o Ministério Público deve desenvolver. Que ações o Poder Judiciário e a área da Infância e da Juventude podem desenvolver? Enfim, que ações o Poder Executivo pode desenvolver?

No plano do Poder Legislativo, eu acredito que existem três ações fundamentais que podemos desenvolver.

A primeira, legislando sobre a matéria dessa natureza, que enfrenta uma prática à violência. A segunda, através da legislação, dando condições ao Poder Executivo de executar, de agir no combate à violência, fiscalizando a ação desse Poder para a Lei que existe.

E a terceira, Srs. Vereadores, é uma palavra que me parece fundamental em todas as ações, que é a própria mobilização da sociedade. E uma lei como esta não nasce da CEDECONDH, não nasce da iluminação de qualquer Vereador, mas da própria sociedade que nos pede.

Eu tenho certeza de que a sociedade porto-alegrense, que repudia a censura, Ver. Cláudio Sebenelo, gostaria que houvesse um controle público de algum Conselho Federal, de órgãos que, de fato, pudessem trabalhar verificando aquilo que ingressa nas nossas casas, no momento em que os pais não estão dentro dela, que as crianças estão sozinhas, pelos canais de televisão. Mas nós não podemos fazer isso numa Câmara de Vereadores, seria ilegal e inconstitucional. Então, o que nós podemos fazer? É a pergunta que nos fizemos. Nós podemos, Srs. Vereadores, legislar sobre o comércio e a locação, a venda de fitas de vídeo. Vejam que o Projeto foi sendo aprimorado, ele começou com fitas de vídeo, mas o Substitutivo e as Emendas já apresentam outras possibilidades em termos de tecnologia, em termos de informação.

Quero dizer aos Senhores que, há cerca de dois anos, batemos na porta do Ministério Público Estadual dizendo que estava sendo vendido, em Porto Alegre, um CD-ROM chamado “As Brasileirinhas Debutantes em Sexo Explícito”.

Pedimos o laudo de psiquiatras, de psicólogos, conseguimos as pessoas da mais alta competência desta Cidade que, gratuitamente, deram o seu laudo ao Ministério Público Estadual. Ele agiu e retirou das lojas esse CD-ROM que colocava crianças na prática de atitudes de conteúdo pornográfico.

Não há aqui nenhum julgamento moral. Não tenho nenhum julgamento moral sobre essa matéria; não quero fazê-lo, mas acho que, às crianças, cabe-nos permitir o que o Ver. Gerson Almeida recuperou aqui: que elas possam ser crianças, que possam viver sua sexualidade com toda a liberdade que isso traz.

Ora, todas as relações que são precocemente sexualizadas acabam gerando, na criança, determinadas reações que, muitas vezes, para ela, não tem a leitura da erotização precoce, mas que é mal interpretada, muitas vezes, pelos adultos.

Queremos fazer uma grande rede: que nos hospitais, sempre que houver  uma situação de violência sexual, os médicos e enfermeiras se sintam à vontade para buscar ajuda e para denunciar ao Conselho Tutelar.

Nós buscamos a constituição da DPCA, que é uma delegacia especializada no atendimento das crianças e adolescentes; queremos que o IML se aprimore tendo um equipamento específico para o atendimento de crianças e adolescentes.

Se queremos tudo isso das outras instituições, o que nos cabe, Srs. Vereadores? Modestamente, cabe-nos legislar sobre essa matéria, tentando constituir uma nova cultura na sociedade, uma cultura que respeite a sexualidade e o momento de vida de cada um.

É por isso que, no que é possível para o Município de Porto Alegre, nós estamos propondo, através da CEDECONDH, esta lei. Agradeço e acredito firmemente na aprovação. Muito obrigada.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Cláudio Sebenelo, para encaminhar.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, volto a esta tribuna para dizer que, durante os debates, aflorou, aqui, a necessidade de um especialista, tal a sutileza e tal a delicadeza da matéria.

Vejam, por exemplo, que o Ver. Pedro Américo Leal dizia, no microfone de apartes, que ontem à noite, na televisão, havia uma cena de sexo explícito num motel no transcorrer de uma novela. Isso faz parte de um capítulo de um livro de Jorge Amado, chamado “Dona Flor e seus dois maridos”, que foi consagrado através das literatura, do cinema e, agora, da televisão, por grandes interpretações artísticas. É fundamental que se saiba que existe uma diferença entre aquela lente do “pardal”, que nos multa, que é coercitiva, que é uma invasão da privacidade do proprietário do automóvel, mas que é indispensável, porque estabelece limites, e essa lente que invade a privacidade sexual das pessoas, que pode ser, muitas vezes, artística, de uma câmera cinematográfica, e pode ser voyeurística. O que não se pode, e o que exige a interpretação do especialista, do psicólogo, do antropólogo, do sexólogo, do filósofo, dos artistas, dos estetas, é essa discussão limítrofe. O que há de limite entre a sutileza e a “finesse” de uma relação sexual, e a sua vulgarização, e o que há de absurdo, por exemplo, na banalização, na coisificação, na conseqüente comercialização e na lucratividade sexual, que é uma outra forma de aberração. Há que se diferenciar Eros, o deus da vida, e Tanathos, o deus da morte; é fundamental que se saiba que Eros é uma coisa boa. Daí vem a palavra “erótico”, mas há que se diferenciar o erótico do pornográfico. Há que se definir o que é uma cena de amor com conteúdo amoroso e outra, de promiscuidade, de vulgarização e de abastardamento sexual. É fundamental que se saiba o que é uma atitude exibicionista e uma cena de amor num filme ou numa novela. O que é cabível, através da arte, pode muitas vezes ser mal interpretado, e aí entra uma coisa chamada processo educacional. E o processo educacional passa também pela nossa família, pela nossa escola, pelos nossos meios de comunicação, responsáveis também por um processo educacional que tem que ser de informação, formação, mas nunca de deformação. Esse estabelecimento de limites pode estar adequado dentro de uma lei, que tem um conteúdo muitas vezes punitivo, educativo, mas, Ver. Pedro Américo Leal, a lei tem um conteúdo coercitivo. A simples presença da lei municipal, estadual ou federal, faz com que, muitas vezes, haja uma intimidação insistente, velada, não-explícita no combate ao crime. Dessa forma, parece-me que o olho do Estado também é importante, não só através de uma câmera de televisão, mas também da forma educativa que a lei tem, principalmente, da forma coercitiva que a sua presença, mesmo sem fiscalização, aja contra essa onda progressiva dos meios de comunicação em direção à violência social que se chama deturpação do amor e das relações humanas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero voltar à tribuna para fazer a minha identificação. Eu vou votar com esta Lei, mas eu fiz um apelo aos advogados desta Casa para que não entrassem numa redundância, porque está me cheirando - e tenho um nariz grande e olfato apurado - que esta matéria não só é defeituosa juridicamente, como também é deformada juridicamente. Eu tenho a impressão, e me perdoe, que V. Exa. está sendo levado pelo Partido, porque nós estamos tentando regulamentar alguma coisa que a União fez, e qual é a pena máxima? Cassação do alvará. Nós vamos cassar um alvará. A União não diz que nós podemos fazer isso, e nós vamos fazer. Senhores advogados, lavo as mãos! Eu pensei em V. Exas., mas V. Exas. decidiram. Agradeço aos Vereadores que me cederam o tempo, mas era preciso que eu viesse logo após o orador que me antecedeu. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini está com a palavra, para encaminhar.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Coronel Pedro Américo Leal, ainda hoje eu estava dizendo a V. Exa. que é inexorável o caminho da humanidade, e V. Exa. rebateu, no sentido de que, certamente, daqui a 200 anos eu estarei vivo e V. Exa., talvez, não. A Nação, o Estado acabará, e V. Exa. não concordou. Sempre digo nos meus discursos desta tribuna que, cada vez mais, o Poder Municipal tem que ser exercido, e o vai ser cada vez mais.

Ouvi com atenção todos os oradores. Houve alguns avanços importantes. No futuro, este Vereador que usa a palavra também usará esses argumentos para outros Projetos. Este aqui, nós temos certeza de que, pelo seu mérito, por tudo aquilo que foi dito, vai ser unanimidade na Casa. Agora, existe um aspecto: ele, além de qualificar - e esse é o nosso papel - uma lei federal, preencher as lacunas de uma lei federal, e isso está fazendo essa Lei como, por exemplo, fez a Lei Municipal que estabeleceu o sistema de eleições para conselheiros tutelares. É a mesma coisa, e alguns Vereadores, que são advogados, disseram que poderia ter um pouquinho de ilegalidade ou de anticonstitucionalidade; ele vai valer, porque a legalidade cega, quando fere ou quando não permite que o Poder Municipal exerça a sua soberania ou não permite que ele preencha as lacunas para proteger os direitos dos cidadãos, aí isso é complicado, isso é a legalidade na vida, no real, no concreto.

Mas, Sr. Presidente, eu destacaria três questões que foram debatidas hoje e que, apesar de serem concorrentes, tem um debate que começou a perpassar que teremos que continuar. Primeiro, essa Lei trata de policiar, de normatizar a circulação de um produto que é o adulto que consome, que são os vídeos pornográficos. Eles são consumidos pela sociedade, pelo mercado, porque senão não seriam feitos. Essa Lei estabelece as regras e compete a nós estabelecê-las para que estejam protegidas as crianças e os adolescentes, mesmo que isso ocorra nas casas dos adultos, porque é um produto consumido por eles. Nós falamos de pornografia, de erotismo, que é uma dimensão boa do homem, da mulher, e falamos da televisão. São temas absolutamente diferentes.

Nós passamos três horas, aqui, dizendo da certeza que o PSB tem, na certeza de que a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos tem de que esse Projeto será aprovado por consenso. Fica ainda nós estabelecermos um debate sobre o que é padrão de qualidade ou censura na televisão. Nós, por duas vezes, aqui, assumimos esta tribuna para dizer e temos que começar a entender que a televisão não é neutra, ela penetra e se fica absolutamente impotente. E o que podemos fazer em relação a isso? Há programas de baixa qualidade que penetram em nossas casas sem que nossas vontades sejam consultadas. E nesse sentido está no Congresso Nacional a proposta de uma comissão nacional para discutir o que é padrão de qualidade em programas de televisão. Então, estamos exercendo a nossa obrigação com esse projeto, e segundo, essa questão da televisão que teremos que aprofundar a discussão. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Trago a notícia ao Plenário, que, por uma ação do nosso Chefe da ATP e também do nosso Diretor-Geral Ver. Leão de Medeiros, enviamos um comunicado à Secretaria da Receita Federal requerendo alguns equipamentos que necessitávamos na Casa. E hoje nos foi remetida, pela Receita Federal, uma nova leva de produtos muito importantes para esta Casa e sem ônus algum. Os equipamentos foram os seguintes: rádio-gravador com toca-fitas marca International; rádio-gravador com toca-fitas marca Diplomat; rádio-gravador com toca-fitas marca Tokay; 07 auto-rádios, de diversas marcas e modelos; rádio-gravador com toca-fitas Recor; vídeo-cassete Samsung e máquina fotográfica Konica autoreflex T4 usada. Esses equipamentos já estão sendo distribuídos para os departamentos da Casa que precisam desse material, o que representa uma economia para o nosso orçamento. Quero cumprimentar o nosso Diretor-Geral Ver. Leão de Medeiros, e também o Sr. Didi, que é chefe da ATP.

O Sr. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o debate que se produziu, no aspecto da legalidade, deixou claro que há um espaço para que se legisle. Já dizia, na primeira intervenção, que se trata de uma lei nacional. Agora, peço licença à autora, Presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, Vera. Maria do Rosário,  para observar o Art. 4º que dá o conteúdo de lei nacional. O preceito que vem reproduzido no projeto municipal e a sanção, que é o elenco penal, ele reproduz com a mesma eficácia, com o mesmo componente de punibilidade. Ao elencar as penalidades, ele estabelece uma penalidade nova, da competência do município: a cassação do Alvará. Isso é atributo do Município, é matéria  que cabe ao Município regrar. Ao Município cabe legislar sobre a matéria de concessão de alvará no que diz respeito à comercialização. A questão maior é o mérito da matéria, é a isso que nos dobramos todos, ficamos prostrados diante dessa grave tragédia: a delinqüência juvenil. É triste dizer que a criança e o adolescente são agredidos e agridem. Como é duro dizer que o adolescente e a criança agridem! Estão aí as informações trazidas pelos meios de comunicação, demonstrando essa dura realidade nessa faixa etária do ser humano onde estão as maiores taxas de índices infracionais.

Então, é preciso que vozes, tantas quantas possíveis, e manifestações sejam feitas independente das formas, através de instrumentos legais.

O menor reproduz exatamente aquilo que ele absorve, aquilo que ele vê e sente. Na questão das manifestações eróticas e pornográficas está sim um componente de violência. Ali reside todo esse processamento forte de violência e a criança e o adolescente absorvem esse componente de violência e o reproduzem no seu cotidiano.

Então, o Projeto de Lei da Comissão, vencidas aquelas questões que tivemos a oportunidade de debater, é um alerta muito grande, é um instrumento a mais e, se não receber, na sua totalidade, a eficácia daquele elenco de penalizações já  dispostas na Lei Federal, restará a cassação do alvará, porque a Lei Federal é clara; ela manda fechar o estabelecimento. A Lei Municipal retira o alvará, sem o que aquela empresa estará penalizada pela norma municipal.

Fica aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a nossa manifestação favorável ao presente Projeto de Lei. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Em votação nominal o Substitutivo nº 1 ao PLL nº 155/97.  (Após a chamada.) APROVADO por 20 votos SIM, prejudicado, portanto, o Projeto original.

Em votação nominal a Emenda nº 01 ao Substitutivo nº 01 ao PLL nº 155/97. (Pausa.) (Após a chamada.) REJEITADA por 20 votos NÃO.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI (Esclarecimento): Gostaria de um esclarecimento com relação a esta votação, vejo que alguns Vereadores têm dúvidas com relação a esta votação. Esta Emenda retira o parágrafo onde nós teríamos o uso de telefone para denúncias, isso realmente, ao meu ver, é necessário. É incrível, pois quem quer que o telefone exista, tem que votar não, e quem quer que seja suprimido, vota sim.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereadora, muito bem encaminhado.

Em votação a Emenda nº 2 aposta ao Substitutivo nº 01 ao PLL nº 155/97. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, para minha estatística particular, já que tudo foi aprovado por unanimidade, até um autor de uma Emenda votou contra a sua própria Emenda, eu gostaria que fosse fornecido por escrito, na próxima sexta-feira, quantos tempos foram utilizados na discussão e quantos tempos foram utilizados nos encaminhamentos. Sou grato.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu solicito à Diretoria Legislativa que tome providências para que o Ver. João Dib possa receber a sua solicitação.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem):  Sr. Presidente, o Ver. João Dib fez aqui uma referência de que um Vereador propôs uma Emenda e depois votou contra. Eu solicito que me seja informado se um Vereador que numa comissão analisa a matéria, no que tange à constitucionalidade e à legalidade, fica impedido de votar, depois, contra a Emenda.

 

 

O SR. PRESIDENTE: Nós sabemos que não, Vereador.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, eu quero adendar ao Requerimento do Ver. João Dib no sentido de que fique preciso, também, quantos tempos cada Vereador utilizou. Seria útil que nós pudéssemos fazer uma análise mais de conjunto, saudando o Requerimento do nobre Vereador João Dib.

 

O SR. PRESIDENTE: Peço que a Diretoria Legislativa tome providências para que o Requerimento da Vera. Maria do Rosário também seja atendido.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1374/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 079/97, de autoria do Ver. José Valdir, que acrescenta dispositivos à Lei nº 2.926, de 12 de julho de 1966, que estabelece as condições pelas quais são as sociedades declaradas de utilidade pública. Com Emendas nºs 01 e 02.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01 e 02;

- da CECE. Relatora Verª Clênia Maranhão: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01 e 02.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 079/97. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. O Ver. José Valdir está com a palavra para encaminhar como autor.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. O Projeto é muito simples mas, como alguns Vereadores suscitaram algumas dúvidas, é bom esclarecer antes da votação. Nós temos a Lei Federal 8742, que regulamentou os artigos 203 e 204 da Constituição e estabeleceu a Assistência Social, no País inteiro, como política pública.

Esta Lei atribuiu aos Conselhos Municipais de Assistência Social a tarefa de cadastrar as entidades de Assistência Social e fiscalizá-las.

A nossa Lei Municipal 352, mandada para a Câmara no tempo em que este Vereador estava na FESC, reforça esse dispositivo federal. Acontece que na Lei que estou acrescentando, que é a Lei 2.926, sancionada pelo Prefeito Célio Marques Fernandes em 1966, obviamente que, como é anterior, não tem este dispositivo. Então, eu estou apenas agregando a esta Lei, que estabelece as condições para que as entidades recebam a declaração de utilidade pública, esse dispositivo federal, que já está numa outra lei municipal.

Não estou criando nenhuma dificuldade para que esta Câmara continue a deliberar sobre todos os pedidos de utilidade pública, apenas estou colocando mais um item que já é exigência legal de nível superior. E as Emendas, foram para contemplar os comentários e as sugestões que a Procuradoria desta Casa fez.

Portanto, peço a aprovação do Projeto e das duas Emendas. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, numa manobra regimental, às 19h16min foi retirado o quórum. Não há mais quórum. Na realidade, o Projeto do Ver. José Valdir, para a maioria dos Vereadores, traz muitas dúvidas. Nós gostaríamos de, com tranqüilidade, tê-lo discutido, e, na última hora, não houve a discussão. Nós já estamos fazendo os encaminhamentos, e a única medida era retirar o quórum, o que vai ser uma pena, uma vez que não podendo ser discutido, fatalmente aqueles Vereadores que tinham dúvidas deverão votar contrariamente.

Eu estou fazendo este registro, dizendo por que está sendo retirado o quórum, para que não aconteça alguma dúvida na Bancada do Partido dos Trabalhadores. A manobra, que é regimental, não tem nada contra o projeto do Ver. José Valdir, que tem a melhor das intenções, mas ele mesmo deu um esclarecimento, aqui, que deixou dúvidas até para mim que ainda estou no Plenário. Saúde e paz. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLL nº 079/97, Proc. nº 1374/97. (Após a chamada.)  Seis votos SIM e uma ABSTENÇÃO. Não há quórum.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o Projeto deverá ser votado novamente? Qual a ordem?

 

O SR. PRESIDENTE: Temos que refazer todos os encaminhamentos, porque teremos uma nova votação. Então, todas as Bancadas poderão, novamente,  fazer encaminhamentos.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Só encaminhamentos?

 

O SR. PRESIDENTE: Só encaminhamentos, porque a discussão já foi feita. A ordem será conforme se der a inscrição quando da votação.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria de ter, se possível, a relação da chamada nominal.

 

O SR. PRESIDENTE: Sim, Vereador, V. Exa. tem direito à cópia chamada nominal.

Não havendo quórum, estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 19h23min.)

 

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